Humberto Costa, coordenador do Forum Parlamentar, destaca a função dos BRICS em montar uma nova arquitetura global
Somos, assim, adeptos de uma nova ordem político-econômica mundial calcada inclusive na densa cooperação Sul a Sul
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(Brasília-DF, O4/06/205) Na manhã desta quarta-feira, 04, o , senador Humberto Costa (PT-PE), coordenador do Fórum Parlamentar do Brics no Senado Federal, durante a abertura do 11º Forum Parlamentar dos BRICS, no plenário do Senado Federal, na Capital Federal, em sua fala, destacou a relevância do bloco no cenário internacional.
Ele voltou a defender a importância do multilateralismo e da diplomacia parlamentar. Humberto Costa também afirmou que o documento final do Brics, a ser divulgado nesta quinta-feira ,5, deve tratar de prioridades comuns e pode abordar temas sensíveis, como conflitos envolvendo países-membros do bloco.
Ele fala que o ponto fundamental dos BRICS é a formação de uma nova arquitetura global.
A lógica central do Bloco é a firmeza de uma nova arquitetura, que olha de forma igual para aquelas tradições da corrente ocidental/norte. É rota mais resistente que nossos países encontraram para lidar com questões comuns e desafios globais.”, disse
Veja a íntegra do discurso do senador pernambucano:
É uma honra para mim que o digno Senador Davi Alcolumbre me incumbir, por parte do Senado Federal, de coordenar este Fórum Parlamentar do BRICS, na sua décima primeira edição; Aqui estão ilustres parlamentares de vários continentes, em uma franca demonstração de aliança robusta, no pleno pulsar do BRICS. Com a grandiosidade de nossos parceiros nações irmãs convidadas, afirma-se, pois, o reluzir deste pacto mútuo, múltiplo e inclusivo. Fizemos um corte decisivo na tradicional geopolítica de outrora;
Enquanto congratulamos o avivamento do multilateralismo, é inegável que há uma corrente crise evidenciada na configuração institucional e na representação dos organismos internacionais; Os sistemas de nações unidas e de organização de comércio entram em franco debâcle, exatamente porque ora desfigura o esquadro político;
Aqueles sistemas estão ainda desenhados em cenários carcomidos que remontam à década de 50 do século passado, consolidados em uma posição central do Ocidente; Ignora-se ali que nas últimas décadas houve o surgimento e a crescente importância de novos protagonistas na arena da política global;
Não, não somos periféricos e nos negamos a sê-lo. Está falseado o cenário onde ainda vigore uma centralidade de parcelas de um Norte rico que subjuga e exclui;
O BRICS é um ponto de inflexão, dado que possuímos uma agenda inclusiva por princípio, e assente nesse fundamento é que renovamos parcerias, por meio de convite a nações-amigas para compartilharmos com avanços às nossas economias e sociedades;
Somos, assim, adeptos de uma nova ordem político-econômica mundial calcada inclusive na densa cooperação Sul a Sul;
Desejamos e devemos ser tratados como atores de peso, personagens principais de uma nova perspectiva geopolítica;
A lógica central do Bloco é a firmeza de uma nova arquitetura, que olha de forma igual para aquelas tradições da corrente ocidental/norte. É rota mais resistente que nossos países encontraram para lidar com questões comuns edesafios globais.
Ricos territórios em recursos naturais e expressivas reservas de petróleo, terras raras, gás natural e água doce, somos o BRICS. Hoje estampamos cerca de trinta e nove por cento do Produto Interno Bruto global e temos quase metade dos habitantes do mundo. Somos uma centelha de desenvolvimento;
Concebemos que o aqui celebrado pacto multilateral é mola-mestra para o bem-estar das nossas sociedades, pois se trata de um delineado fair-play, face à interdependência-intercambialidade das nações;
O multilateralismo é um princípio e as falhas da comunidade internacional em assim o admitir, provêm de atores geopolíticos que se miram autossuficientes, em uma peculiar paranoia que neste momento volta-se contra os comércios livres das nações e suas trocas justas;
Nesse contexto, emerge e se intensifica a demanda por parlamentos robustos, representativos e que repartam o desejo do multilateralismo, de aproximação das nossas sociedades e de atuação incontinenti para correção das deficiências nas agendas dos obsoletos sistemas internacionais;
Nós do parlamento temos vastos desafios a enfrentar e portanto, há a preponderância de uma troca de experiências e de maior intercâmbio entre nossas casas legislativas.
Saudemos os nossos precursores parlamentares do então BRIC (antes da entrada da nossa irmã África do Sul), que, em 2011, às margens do G20, reuniram-se em paralelo a esta cúpula, inaugurando o chamamento de nós legisladores para o exercício de um papel central no Bloco. E em 2015, na insólita Moscou, arrojaram o primeiro encontro oficial do Fórum Parlamentar.
Desde lá progredimos para a formalização do Fórum, quando na África do Sul, em 2023, estabelecemos o Memorando de Entendimento e novamente na Rússia, em 2024, ao tecermos o Protocolo complementar que definiu estratégias de cooperação geral, formalizando esta dimensão parlamentar;
Avançamos para incentivar reuniões de presidentes de comissões de relações exteriores dos diversos países do grupo; também inovamos na possibilidade de convidar países não membros, em um claro viés do princípio da inclusão. Além disso, decidimos propulsionar que parlamentares jovens e mulheres passassem a integrar as delegações oficiais dos nossos encontros;
Esta décima-primeira edição do Fórum Parlamentar do BRICS apresenta o lema “O papel dos Parlamentos do BRICS na construção de uma governança global mais inclusiva e sustentável”;
Por princípio, pretendemos ir adiante para uma maior dimensão de cooperação, aproximando nossas casas legislativas em temas correntes e que, via troca de experiências, possamos impulsionar as políticas públicas em conjunto;
Abordagens em saúde, novas tecnologias, meio ambiente, comércio e investimentos, transferências de tecnologias, redução de dependências externas em tecnologias, inteligência artificial, são temáticas em voga e que merecem atenção redobrada, sem descuidar de outras que entrem em cenário;
Apoiamos que nossos parlamentos formem grupos e comissões temáticas interpaíses para afervorar melhores experiências e melhores soluções para os entraves ao nosso progresso;
Há necessidade de cooperação mais densa e mais otimizada em diversos vértices, em saúde, por exemplo, para a promoção de modelos de desenvolvimentos sanitário fundados na equidade e na inovação tecnológica, a fim de sustentarmos nossas sociedades com bem-estar em saúde e para enfrentarmos eventuais crises como a dura pandemia mundial da qual saímos há três anos;
Nas tecnologias, há muitos desafios. É urgente que nos debrucemos sobre o quesito novas plataformas e as inteligências artificiais e dali extraiamos o melhor para nossas sociedades, considerando, sobretudo e sempre, a proteção das nossas crianças e juventude, a defesa dos direitos autorais, e a gestão soberana de nossas nações.
O meio ambiente, como mote decisivo, é um vetor em que percorreremos com a promoção de espelhamento/benchmarking de marcos regulatórios e de priorização do tema economia verde. Desafio imenso é promover um desenvolvimento precursor e inovador para nossas sociedades presentes e que permitam ecossistemas sadios, garantindo também qualidade de vida às nossas nações pro futuro;
Urge uma concertação régia de padrões internacionais para aquelas tecnologias e plataformas cujo viés se paute pela transparência algorítmica e por responsabilidades claras perante nossas sociedades;
Somos um novo redesenho geopolítico e atores vitais. Faz-se necessário avançar com respostas rápidas e incisivas para nossas sociedades;
É um tempo em que o Legislativo faz-se primaz àqueles fins, e disso não fugirá; Temos certeza de que os nossos parlamentos, como peças basilares no xadrez geopolítico, e nessas eras das tecnologias aceleradas que retratam o mundo líquido, no dizer de Baumann, podem e devem agir de forma pungente, para o progredir do nosso BRICS e o enlevo dos nossos povos. Obrigado a todos!
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)