ESPECIAL DE FIM DE SEMANA.
O deputado Fernando Ferro (PT-PE) avalia situação da reforma política e faz uma análise sobre cenário político e social de Pernambuco. Éle falou sobre a eleição municipal de Recife….

(Brasília-DF, 06/07/2007) A Câmara dos Deputados adiou mais uma vez a votação da reforma política, que estava prevista para acontecer na última quarta-feira. Mesmo com a rejeição da proposta mais polêmica da reforma, que previa eleição por meio de lista partidária, os deputados parecem não entrar em um acordo para votar os pontos de mudança no sistema eleitoral. O presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP) determinou que a reforma volte a ordem do dia na próxima semana, mas alguns líderes já defendem uma votação apenas em agosto, após o recesso parlamentar.



O deputado Fernando Ferro (PT-PE) avalia que não há interesse de mudança no sistema eleitoral. O parlamentar, em uma entrevista especial ao site, demonstrou pessimismo sobre o futuro da reforma. “Essa cultura de promiscuidade política é majoritária aqui e a classe política reacionária reage à tentativa de implantar uma legislação que moralize minimamente as relações de interesses públicos e privados no processo político e eleitoral”, afirmou.



O deputado ainda faz uma critica a base aliada do governo, que é formada por partidos de diversas tendências. “A promiscuidade é preferida por essa maioria, boa parte da base do governo. Não conseguimos mobilizar os aliados para mudar isso. E isso mostra as contradições, que dentro da base do governo existem alianças com partidos de raízes conservadoras e de direita”, disse.



Questionado sobre o futuro do seu estado, Pernambuco, o parlamentar demonstra mais otimismo com um cenário de investimentos e desenvolvimento econômico. “Eu acho que o estado tem uma grande possibilidade de iniciar um ciclo de crescimento muito importante. Os investimentos que estão sendo feitos permitem um período de crescimento econômico mais sustentável”, analisou Fernando Ferro na entrevista.



Pernambuco tem sido um dos estados nordestinos que mais recebem investimentos no governo Lula, e continua com boas perspectivas de projetos para os próximos anos. A situação social do estado, entretanto, é uma das mais graves do país, com altos índices de violência. “O Estado convive com indicadores sociais dramáticos, na área de educação, saúde e segurança. É um drama social herdado. Pernambuco hoje está no rol dos estados mais violentos do Brasil, com maior índice de homicídio por juventude. Esses são indicadores socais gravíssimos e contradizem completamente a pretensão de modernidade que Jarbas Vasconcelos (ex-governador do Estado) tentava imprimir sobre Pernambuco”, declarou o deputado petista.



Questionado sobre o cenário político local para as eleições municipais, Ferro avalia que o governador Eduardo Campos deve ter cuidado para as disputas não atrapalharem sua gestão. Dentro do PT o deputado avalia que o atual prefeito de Recife, João Paulo, deva liderar as discussões em torno de seu possível sucessor. Os nomes mais cotados dentro do partido para disputar a prefeitura são: Maurício Rands (Campo Majoritário), Humberto Costa (Movimento PT) e João da Costa (nome forte junto a João Paulo).



“As pretensões são legitimas, mas acho que devemos observar que o prefeito João Paulo é uma liderança da maior importância. Ele ganhou eleições duas vezes, e está fazendo um grande governo, portanto, deve ser um organizador desse debate”, avaliou Fernando Ferro sobre as discussões diante da candidatura. Segue abaixo a entrevista na íntegra.



Política Real – O ano começou com um forte discurso dos parlamentares de se fazer uma reforma política. Alguns deputados até defenderam que está seria uma das medidas para evitar a corrupção no país. Mas, após um mês de discussão, nenhuma proposta de mudança foi aprovada. Qual a sua avaliação desse cenário?



Dep. Fernando Ferro – Eu acho que majoritariamente não há uma vontade de fazer reforma política. Na verdade nós estamos discutindo uma reforma eleitoral muito limitada. E mesmo assim se viu claramente que não há interesse em mudar. Quando tratou-se da questão da lista fechada, ou até de lista mista, e da fidelidade partidária houve rejeição. Ou seja, existe uma cultura de não fortalecer estruturas partidárias, de não se ter uma estrutura que permita o financiamento público e isso favorece a todos os escândalos que vemos aí. Ontem mesmo tivemos um senador que renunciou. Isso acontece por conta dessa estrutura eleitoral que temos. A promiscuidade de interesses privados influenciando nas campanhas acaba criando essas situações. E essa cultura de promiscuidade política é majoritária aqui e a classe política reacionária reage à tentativa de implantar uma legislação que moralize minimamente as relações de interesses públicos e privados no processo político e eleitoral.



Política Real – É possível ainda fazer algum tipo de mudança, ou a idéia reforma política realmente morreu?



Dep. Fernando Ferro – Vamos tentar, mas estou pessimista. A votação da Câmara mostrou claramente que não se quer fazer reforma política e se contentam com essas transgressões que existem aqui. É lastimável, não há interesse de mudar essa situação de degradação da cena política. A promiscuidade é preferida por essa maioria, boa parte da base do governo. Não conseguimos mobilizar os aliados para mudar isso. E isso mostra as contradições, que dentro da base do governo existem alianças com partidos de raízes conservadoras e de direita.



Política Real – Como parlamentar de Pernambuco qual a sua análise do momento atual do Estado, levando em consideração todos os investimentos que vêm sendo feito no local como a Refinaria, a duplicação de rodovias, a transposição do São Francisco?



Dep. Fernando Ferro – Eu acho que o estado tem uma grande possibilidade de iniciar um ciclo de crescimento muito importante. Os investimentos que estão sendo feitos permitem um período de crescimento econômico mais sustentável. A própria chegada da Hemobras nos traz possibilidade de colocar Pernambuco em um parque industrial de ponta para tratar de hemoderivados. E essa oportunidade nos traz benefícios importantes. Mas por outro lado existem algumas preocupações. Essas indústrias necessitam de mão-de-obra tecnicamente mais qualificada, o que não temos. Precisamos investir nisso, caso contrário corremos o risco de que parte dos empregos criados com os investimentos sejam ocupados por pessoas de outras regiões. Temos que fazer um esforço para atender o drama social de nossa região, e em Pernambuco a situação da Zona da Mata é uma das mais graves, um dos IDHs mais baixos. Precisamos fazer esforço nas nossas universidades e junto aos Cefets para qualificar a população. Essa é uma medida urgente. A chegada dessas indústrias vai criar uma cadeia produtiva que terá um impacto a médio e longo prazo muito importante. Nos próximos 10 anos, o Estado pode reascender a força no Nordeste e contribuir para a economia regional.



Política Real – O Nordeste vive um cenário novo politicamente, com líderes de tendências mais a esquerda administrando os estados. Pernambuco também participa desse processo com Eduardo Campos (PSB) a frente do governo estadual. Já dá para fazer alguma avaliação desse novo governo?



Dep. Fernando Ferro – O governo do estado herdou uma situação curiosa. Vários investimentos foram feitos em Pernambuco, como a duplicação da BR 232 e outros investimentos de visibilidade. Por outro lado o Estado convive com indicadores sociais dramáticos, na área de educação, saúde e segurança. É um drama social herdado. Pernambuco hoje está no rol dos estados mais violentos do Brasil, com maior índice de homicídio por juventude. Esses são indicadores socais gravíssimos e contradizem completamente a pretensão de modernidade que Jarbas Vasconcelos (ex-governador do Estado) tentava imprimir sobre Pernambuco. Temos que andar muito nessa área. O problema é que temos que responder a necessidade do desenvolvimento da ciência e tecnologia e ao mesmo tempo sanar o drama social do dia-a-dia. E isso é um processo que vai exigir do governador uma habilidade política. O governo estadual está sinalizando com programas importantes, como o chapéu de palha, para atender a população da Zona da Mata. Os programas sociais do governo federal também estão dando uma boa cobertura, como o Bolsa-família, o programa do leite e o Luz para Todos. E acho que as expectativas são positivas. Além disso, o governo tem hoje uma maioria folgada na Assembléia, e está vivendo um momento de conforto no apoiamento político. Mas ano que vem teremos eleições municipais, vão se criar uma série de condições na área política e o governador vai ter que saber administrar para não prejudicar o governo estadual. O governador deverá ter a sabedoria para separar as disputas municipais dos interesses do Estado. E com essa compreensão podemos avançar para um bom governo em Pernambuco.



Política Real – A disputa pela prefeitura de Recife vem sendo alvo de muitas especulações, de que existe uma grande discussão dentro do PT para decidir o candidato. Como o partido vem lidando com essa situação?



Dep. Fernando Ferro – As pretensões são legitimas, mas acho que devemos observar que o prefeito João Paulo é uma liderança da maior importância. Ele ganhou eleições duas vezes, e está fazendo um grande governo, portanto, deve ser um organizador desse debate. Acho que ele terá a compreensão de fazer isso, e ouvir todas as pretensões. Chegar a um consenso será impossível, mas provavelmente teremos uma situação majoritária para definir uma candidatura apoiada pelo partido e conduzida pelo prefeito João Paulo. E acho precipitado qualquer outra tentativa de imposição de candidatura, atravessando esse debate a tanto tempo antes das eleições. Temos que conversar mais, reconhecendo claro que são legítimas as disputas por espaço. Mas é preciso levar em conta que não vamos governar sozinhos, precisamos de aliados. Temos que ter a capacidade de desprendimento, e muitas vezes ceder, visando construir blocos políticos para enfrentar as próximas eleições.



( por Liana Gesteira com edição de Genésio Araújo Junior)

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