ESPECIAL FIM DE SEMANA
Candidatos nordestinos avaliam mudanças nas campanhas políticas com as novas regras eleitorais; O corpo a corpo tem sido a principal forma de buscar o voto.

( Brasília-DF, 11/08/2006) O Congresso aprovou no início deste ano a minirreforma eleitoral, que foi sancionada pelo Tribunal Eleitoral Federal e mudou as regras de campanha. A proposta proíbe a fixação de placas, estandartes, faixas e assemelhados, em bens públicos como postes, viadutos, passarelas e pontes, inclusive em tapumes de obras ou prédios públicos.



A minirreforma trouxe ainda outras mudanças significativas como a proibição da realização de showmícios, da utilização de outdoors e da confecção, utilização e distribuição, por candidato ou comitê, de brindes como camisetas, chaveiros, bonés, canetas, ou quaisquer outros bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor. Apesar disso, está permitida a comercialização de material institucional, desde que não contenha nome e número de candidato, bem como cargo em disputa.



As novas regras estão exigindo um novo ritmo das campanhas, onde os candidatos precisam sair nas ruas para terem visibilidade. “O corpo a corpo está sendo a principal estratégia”, afirma candidato a reeleição a deputado federal, José Rocha (PFL-BA). O deputado Severiano Alves (PDT-BA) diz que o maior gasto agora é com gasolina e despesa de locação de assessores, por conta das viagens pelo interior.



Alguns até perdem peso em meio a campanha por causa das andanças, mas outros afirmam que o contato diário com a população te obriga a não recusar gentilezas. “Acho até que estou engordando, pois todo lugar que chego me oferecem algum lanche”, diz a candidata Alice Portugal (PCdoB-BA).



Muito candidatos alegam que as novas regras desanimaram a campanha, sem os showmícios, as bandas e os tradicionais animadores. Mas há quem diga que as campanhas estão mais interessantes. “Na verdade criou-se outro brilho, que é o debate. O candidato tem que saber prender o público pelo seu discurso, pela discussão de suas propostas”, alega o deputado Inácio Arruda (PCdoB-CE) que está se candidatando a senador. “Às vezes esse contato direto com o povo coloca o candidato em situações constrangedoras, estimulando as discussões políticas.”Para mim o confronto de idéias é positivo para a campanha de quem tem um projeto político para o estado e para o país”, diz Inácio.



Outros candidatos usam a criatividade para animar a campanha sem burlar a regras eleitorais. O candidato à reeleição, deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE), está fazendo o maior sucesso em suas andanças com a companhia do ‘boi’, um dos personagens da cultura popular pernambucana. O boi, com cerca de 1,80m de altura e pintado nas cores da campanha do petista, chama a atenção correndo atrás de crianças e provocando a curiosidade dos eleitores. “Como este ano existem muitas restrições, pensamos em usar o boi como uma forma de animar o público e valorizar a cultura local”, explicou Rubem.

Outra estratégia do candidato é a apresentação de mini documentários com suas propostas políticas em um telão móvel que carrega em suas andanças.



DIFICULDADES – As novas regras, entretanto, foram implantadas sem muita divulgação, confundindo alguns deputados. “As pessoas estão tendo dificuldade de assimilar as novas regras, principalmente aqueles que não participaram da discussão do projeto no Congresso. Por exemplo, é proibido distribuir cantes e lápis, mas e marcador? Pode?”, argumenta o deputado Severiano Alves. Além disso, os novos candidatos saem mais prejudicados com as mudanças. “O candidatos que estão tentando se eleger pela primeira vez vão ter que ralar e participar realmente da política antes de se candidatar”, diz o socialista Inácio Arruda.



A deputada Alice Portugal alerta que as novas regras prejudicaram um pouco os candidatos de pequenos partidos que não tem exposição na televisão. “É desigual o enfrentamento com os grandes partidos, pelo tempo de TV que eles têm”, diz deputada. “Além disso, o ritmo de agenda de campanha fica extenuante”, desabafa, contando o desgaste físico que as andanças trazem ao candidato.



CUSTOS – Um dos objetivos principais das novas regras de campanha era a diminuição de custos, mas alguns candidatos não acreditam que a mudança conseguiu atingir seu objetivo. “Não acho que os custos diminuíram. Pode haver uma diminuição de colaboradores. Antes sempre havia alguém que colaborava com materiais, hoje a propaganda tem que sair com o nome da gráfica”, explica Severiano Alves.



Outros candidatos acham que a proibição de showmícios e de outdoors limita realmente os gastos de algumas campanhas, mas muitas vezes um candidato com dinheiro redireciona custos para outros fins. “Quem tem dinheiro não vai deixar de gastar, alguns ainda fazem práticas ilícitas como a compra de cabos eleitorais”, afirma Paulo Rubem.



O ponto mais positivo das novas regras é a promoção de uma campanha mais justa entre os candidatos. “Eu nunca tive recursos para fazer centenas de camisetas e distribuir. Acho que a principal vantagem da nova regra é que diminui a distância das campanhas feitas por candidatos de diferentes poder aquisitivo”, disse Alice Portugal. Ela acredita que a disputa fica um pouco mais equilibrada e obriga alguns candidatos a buscar o voto nas ruas.



“Quem tem militância sai com vantagem”, diz Inácio Arruda. A falta de distribuição de brindes restringe o número de leitores para alguns candidatos que não têm base eleitoral. “Para fugir destes gastos em excesso tem que ter voto de opinião. Faço muitas palestras e reuniões com segmentos da sociedade”, informa Severiano Alves.



A minireforma está conseguindo promover poucas mudanças na rotina dos candidatos, não tem conseguido mudar de fato as campanhas eleitorais. Muitos candidatos não criaram novas estratégias para suprir perdas provocadas pelas novas regras. A reforma apenas causou o resgate das campanhas de corpo a corpo, uma das formas mais antigas de buscar votos.





( por Liana Gesteira com edição de Genésio Araújo Junior)






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