Nordeste e o Clima.
Pesquisador do INPE diz que o Nordeste e Amazônia podem virar desertos; Luiz Pinguelli e Fábio Feldman participaram do Seminário Mudanças Climáticas.

(Brasília-DF, 10/05/2006) Durante Seminário Mudanças Climáticas o pesquisador Carlos Nobre, fez uma analise da vulnerabilidade e impactos das mudanças climáticas no Brasil. O representante do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) iniciou seu debate criticando atraso dos estudos feitos no Brasil sobre o assunto. “Os nossos vizinhos e a China, entre outros países estão mais avançados nos estudos da área. Precisamos de mais investimentos na área de pesquisa e tecnologia”, afirmou. O seminário foi uma iniciativa do PSB.



O debatedor começou explicando sobre o aquecimento global vigente hoje no mundo, causado pelas emissões de gases na atmosfera. “O aquecimento global é decorrente da emissão de gases pelos humanos. Diminuir emissões não é suficiente temos que nos adaptar. O problema vai continuar existindo mesmo que emissões de gases sejam reduzidas”, declaro o pesquisador. O deputado B. Sá(PSB-PI), coordenador da Bancada do Nordeste, esteve presente. Ele disse que iniciativas dessa monta são fundamentais para entender melhor o Brasil e o Nordeste.



Carlos Nobre explica como se dá os fenômenos climáticos recorrentes no Nordeste, para explicar como aquecimento pode causar prejuízos para sociedade. “Seca é um fenômeno atmosférico, se está chovendo muito em um lugar, vai estar muito seco em outro. E as chuvas são decorrentes da evaporação de águas. Se há aquecimento global, a evaporação é maior”, relata.



“O Brasil já apresenta variabilidade climática. As temperaturas estão aumentando em toda América Latina”, diz o estudioso do Inep. Segundo ele o impacto desse aquecimento reflete na vulnerabilidade da social. “A vulnerabilidade social está aumentando. A mudança climática influencia na proliferação de doenças infecciosas, na Amazônia, por exemplo, ou na recorrência da mortalidade infantil, por diarréia e desnutrição, nos lugares de seca do Nordeste”, informou.



Além disso, Carlos Nobre fala do impacto dessa realidade para produção agrícola. “Com aquecimento de 4 graus Celsius na temperatura alguns lugares do semi-árido vão virar desertos, pois a possibilidade de falta de chuva vai ser constante, em todos os meses do ano”, afirma o pesquisador. Segundo ele, a Embrapa indica que risco de faltar água deve ser menor do que 20 %, para não quebrar a safra de grãos.



“Os maiores valores de aquecimento vão acontecer na área tropical, como Amazônia e Nordeste, sendo prejudicial a floresta tropical e a caatinga, pode se tornarem lugares semi-desertos”, diz Carlos Nobre segundo suas previsões. Por fim, ele relata ainda haver incerteza sobre impacto do aquecimento nos recursos hídricos, que viabiliza a produção de energia, precisando de um aprofundamento nos estudos.







PINGUELLI – O coordenador do Programa de Planejamento Energético da UFRJ, Luiz Pinguelli, falou agora pouco no Seminário de Mudanças Climáticas. Em sua exposição o estudioso discutiu como o impacto das mudanças climáticas para setor energético deve acarretar em mudanças profundas nas pesquisas de tecnologias energéticas, em busca de novas fontes alem dos recursos hídricos.



“O desmatamento é um dos maiores problemas atuais das mudanças climáticas”, afirmou o coordenador do Programa Energético, identificando um dos fatores principais o aquecimento global. O Luiz Pinguelli ressaltou ainda o problema do uso do automóvel pela sociedade urbana, que altera clima através da emissão de gases.



“Acho que a mudança social é uma questão a ser discutida. O padrão de consumo de energia das classes mais ricas é alto e deve haver um equilíbrio maior. As classes baixas devem consumir mais e a elite consumir menos energia”, disse Luiz Pinguelli.



PAULISTAS – O secretário do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas, Fábio Feldmann, foi o último palestrante do Seminário de Mudanças Climáticas. O debatedor ressaltou a importância de implantar uma política nacional de mudança climática. “Precisamos mobilizar a sociedade brasileira sobre o tema para que ela possa pressionar o poder público para criar políticas para o setor”, declarou.



Fábio Feldmann defendeu que as estratégias para enfrentar as mudanças climáticas têm que ser debatidas entre os brasileiros. “Precisamos saber do posicionamento dos brasileiros sobre o tema e não discutir apenas os posicionamentos dos outros países”, disse. Ele defendeu ainda um fortalecimento das instituições que discutem Mudanças Climáticas no país, como a Comissão Interministerial e o Fórum Brasileiro.



Por fim, o debatedor disse que o aquecimento global é um desafio mundial e deve ser mais debatido. “Apesar da importância do tema é difícil colocar a questão na mesa de debates dos tomadores de decisão”, afirmou Fábio Feldmann.



( por Liana Gesteira com edição de Genésio Araújo Junior)


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