( Publicada originalmente às 17 h 48 do dia 25/08/2020) (Brasília-DF, 26/08/2.020) Após se reunir nesta terça-feira, 25, com o coordenador da Bancada do Nordeste, deputado Júlio César (PSD-PI), em seu gabinete no Ministério da Infraestrutura, o ministro Tarcísio Gomes de Freitas prometeu que os recursos necessários para federalizar o trecho entre a região do médio oeste do […]
( Brasília-DF,01/04/2006) O atual primeiro vice-líder do PT , Fernando Ferro (PT-PE), é conhecido com um dos fiéis escudeiros do governo Lula. Em uma entrevista ao site o deputado pernambucano discorre sobre as ações do governo federal e revela a estratégia do partido para as eleições de outubro.
A crise ética enfrentada pelo governo está sendo o mote utilizado pela oposição para enfraquecer o PT nas eleições. O deputado Fernando Ferro,acredita que esta postura é inconsistente e que governo vai resistir por ter um bom programa político. “Nós últimos dez meses o partido enfrentou um fogo cerrado, como nunca se viu antes na história do país. Com todas as CPI’s nem a imagem do partido, nem do governo, nem do presidente Lula foram para o fundo do poço. Eu acho que há um certo discernimento da população para analisar esse tipo de postura política, que não está surtindo efeito”, afirma.
Durante a entrevista o deputado chama alguns políticos de falso moralistas, por estarem colocando em dúvida a ética do PT quando eles mesmos já foram acusados no passado. Ele diz ainda que governo atual está punindo culpados, o que não foi feito em outras ocasiões da história política. “Eu considero esse um aspecto positivo do governo. A vigência de uma Lei para todos consolida as instituições democráticas”, afirma.
Formado em engenharia eletrônica, o deputado tem uma grande atuação parlamentar na área do setor elétrico sendo membro da comissão de Minas e Energia. Ele foi o relator do novo modelo do setor elétrico, a Medida Provisória 144, regulamentadora da transmissão e venda de energia implantada pelo governo atual, que recebeu várias críticas do setor. “As críticas estavam erradas, pois o modelo atraiu investimento na transmissão e na produção”, declara Fernando ferro sobre os resultados dessas mudanças.
Por fim, o deputado faz uma análise do desenvolvimento e política de seu estado, Pernambuco, ressaltando contribuição deste governo para retomar o crescimento local. “O nosso estado foi alvo de um desprezo por décadas, desde a ditadura militar nós fomos perdendo importância e nossas lideranças da direita pernambucana foram incompetentes. Em três anos e meio de governo do presidente Lula, Pernambuco retomou o seu crescimento” afirma. Veja abaixo entrevista na íntegra.
Política Real – Como o atual cenário de crise pode influenciar no andamento das eleições de 2006?
Fernando Ferro – “Nós observamos um acirramento do discurso da oposição na tentativa desqualificar moralmente o partido e o presidente. Para mim isso revela uma tática de proposta política sem eixo. O PSDB não sabe dizer para população brasileira o que quer como programa político. Eles têm um discurso de que copiamos a política econômica deles. Logo, se a gente está dando continuidade não tem porque eles criticarem. Então começaram a dizer que estamos gastando demais. Isto evidencia uma postura política de crítica e encontraram o mote da moralidade e da ética, a partir de erros cometidos por alguns companheiros nossos, que por serem do PT mereceram uma divulgação acima do normal. Fatos que em muitos momentos foram consideradas naturais dentro da cultura política do desmando e desvio político, para nós assumiram essa dimensão sensacional. Eu até compreendo, como a ética sempre foi uma bandeira do PT, isso não poderia nunca acontecer. Mas o discurso que eles praticam é basicamente esse, da acusação e da utilização das CPI´s. Eu avalio que esse eixo político não tem consistência. Nós últimos dez meses o partido enfrentou um fogo cerrado, como nunca se viu antes na história do país. Com todas as CPI’s nem a imagem do partido, nem do governo, nem do presidente Lula foram para o fundo do poço. Eu acho que há um certo discernimento da população para analisar esse tipo de postura política, que não está surtindo efeito. É evidente que nós teremos os cuidados porque de tanto repetirem esse discurso, podem atrapalhar a nossa proposta.”
“ Além disso, a própria qualidade de quem nos acusa é muito duvidosa, então naturalmente existe um desconto. Por exemplo, o Antonio Carlos Magalhães falar de quebra de sigilo, logo ele que teve que renunciar porque quebrou o sigilo do Senado. Então a população faz a leitura de que esse tipo de gente não tem consistência moral para nos atacar. A quebra de sigilo de José Dirceu pelo deputado Ônix Lorenzoni, não teve essa dimensão do caseiro. Então eu acho que nós podemos resolver isso, não com o embate político, mas com demonstração de que estamos tomando as devidas providências para que a Polícia Federal tenha a autonomia e independência para investigar. Se Ministério Público tivesse a autonomia que esse tem hoje, porque no governo de Fernando Henrique, Brindeiro era chamado de arquivador mor da República, não prosperava a investigação.”
“Além do mais nós temos uma conquista da população brasileira, na democracia, mostrando que ninguém está acima do bem e do mal. Como foi o caso de Palocci e do presidente da Caixa. Se fosse levado em consideração o pragmatismo do trabalho que Palocci prestava na economia ele seria blindado e perdoado para que continuasse o trabalho. Mas a iniciativa das autoridades de prestarem contas demonstra que estamos liderando do lado da democracia no governo. Eu duvido que os tucanos e o PFL principalmente, fizessem isso estando no governo, Nós nos lembramos da pasta rosa, o processo de privatização, vários casos que foram abafados. Eu acho que pagamos um preço caro, mas necessário para consolidação da democracia. Eu considero esse um aspecto positivo do governo. A vigência de uma Lei para todos consolida as instituições democráticas. Essa crise é muito dura, mas temos musculatura e estrutura política para resistir a isso e apostar no governo e no reconhecimento da população do país.”
PR – Qual a postura que a base governista vai tomar em relação a esses ataques? A reação vai mudar devido às eleições?
Fernando Ferro – “Nós temos que na medida do necessário resistir. As manifestações dos líderes das bancadas do governo no plenário já deixam claro isso. Não há manifestação da oposição que não haja uma resposta. Nós vamos inclusive querer uma explicação do PSDB sobre o que aconteceu com Alckmim no governo de São Paulo. Como ele vem falar em ética e permite aquele procedimento envolvendo disputas internas, com indícios de um dos secretários aliciando pessoas. Vamos querer investigações, nós não vamos deixar isso em branco. Mas não vamos pulverizar isso. Acho que a população está interessada em outro tipo de debate. A população quer saber geração de emprego, de renda, saber quais são os avanços da economia, possibilidades de comércio exterior, saber de políticas sociais, a expansão das universidades, os diversos créditos do governo para microempresa e agricultura familiar. Todos esses são elementos que nos dão tranqüilidade para enfrentar o debate, apresentando propostas. Nosso adversário não tem substância. Qual o mote do PSDB e PFL para economia? Privataria de novo, submissão dos interesses do país aos Estados Unidos e a ALCA. Esse tipo de postura é um empecilho para a expansão da exportação do Brasil, para a abertura do comércio exterior que nós fizemos, enfim a possibilidade de expansão da economia brasileira. Esse debate nós vamos fazer e não vamos sucumbir a discussão moralista, aliás, falso-moralista que eles querem propor.”
PR- Como você analisa o bom desempenho do presidente Lula, principalmente no Nordeste, divulgado pelas pesquisas?
Fernando Ferro – “Acho que é resultado do reconhecimento e da boa divulgação das ações do governo no país. Evidentemente ele vai bem no Nordeste, mas não é só lá. Em São Paulo, por conta da política econômica, o presidente tem uma avaliação extremamente positiva. O presidente Lula é uma pessoa que dialoga com a população e seu governo é hoje extremamente forte do ponto de vista social. Houve até uma tentativa da oposição de desqualificar o resultado das pesquisas porque o presidente Lula foi bem aceito entre as classes C e E, de uma maneira preconceituosa como se eles não fossem brasileiros. Eles dizem que Lula cresce no meio dos analfabetos, dos pobres, dos não escolados, como se considerassem essas pessoas cidadãos de segunda categoria, revelando um preconceito de classe. É uma tentativa de desqualificar, como se nós vivêssemos num país de grande classe média e uma elite bem instalada. Grande parte da população desse país vive numa situação simples e o presidente Lula tem dialogado com esse segmento. Então há um certo desespero porque o povo, que eles chamam de ignorante, faz um filtro da imprensa, têm discernimento e avaliam o que é melhor para eles. Compreenderam claramente que esse governo alterou prioridades investindo nessa população, mantendo a responsabilidade na área econômica. Eu creio que o presidente Lula tende a consolidar sua imagem perante a opinião pública e a consolidar a marca de um governo que tem conteúdo.”
Como você observa o investimento em infra-estrutura deste governo, principalmente na região Nordeste?
Fernando Ferro – “O governo tem tido uma preocupação primeira com a organização da economia, um projeto de estabilização da economia e um ganho de credibilidade, para começar a investir. Agora, estamos numa fase de grandes investimentos, como a refinaria; a ampliação da infra-estrutura rodoviária e ferroviária; a mudança no gerenciamento da área de energia; a expansão dos negócios da Petrobrás em escala internacional; a estruturação com parceiros da América Latina formando uma rede de negócios interligando Petrobrás PDVSA; grandes projetos no fomento na área de energia; o grande gasoduto latino americano; a expansão do setor elétrico e uma política que consolidou o setor e nos livrou do ‘apagão’. O governo venceu a inércia do ‘apagão’ que o governo passado operou com um amplo processo de privatização de empresas. Tudo isso mostra o grande investimento no setor, além das parcerias que são feitas com o setor privado na transmissão de energia. Eu creio que os elementos colocados acima foram bons para a região Sul, que teve expansão da atividade econômica, com atração de investimentos com recursos externos. E o Estado brasileiro por sua vez, hoje , tem uma política de investimento no Norte e Nordeste, com a duplicação da BR 101; o programa do biodiesel, o processo de construção de hidroelétricas na região Norte, e de expansão na área de tecnologia. Acho que foram criadas condições para avançar, permitido também pela estabilização da economia, ampliando o ciclo de desenvolvimento que coloca o país na rota de crescimento que todos nós queremos. Inclusive com uma mudança na orientação política econômica que o governo reconhece fazer na questão das taxas de juros, liberando a área industrial para o desenvolvimento e atração de investimentos nessa área. Há um clima positivo e saudável para o crescimento e isso se reflete na avaliação eleitoral também.
PR – O novo modelo de sistema do setor elétrico de energia, anunciado ano passado pela então Ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, foi muito criticado. Qual a sua visão sobre esse novo modelo hoje?
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Fernando Ferro – “As críticas estavam erradas, pois o modelo atraiu investimento na transmissão e na produção. Então quem fez as críticas, evidentemente precipitou informações falsas. Nós estamos criando um parque hidroelétrico na área da transmissão e nós afastamos a possibilidade de qualquer escassez de energia. E agora vamos entrar num grande investimento hidroelétrico na região Norte, Belemonte e Madeira, que estão na ordem da inclusão com leilões da energia nova. Aquela ação foi correta e demonstra uma política da área de energia. Você veja o investimento da Petrobrás e os ganhos e lucros do setor elétrico, de todas as empresas da Eletrobrás. Além disso, existe o programa de eletrificação rural, Luz para Todos. Um programa de alcance social e de estruturação no campo brasileiro que não tem procedência. São R$ 9 bilhões que estão sendo aplicados na zona rural do Brasil. Em 2006, os estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe estarão com todo sistema de eletrificação rural completos. É um ganho com uma mudança de qualidade, um programa social estruturador, pois gera energia, emprego e renda e mobiliza economia do lugar e cria condições para programas de irrigação.
Tudo isso conseqüência da política no setor elétrico. Se tivéssemos privatizado o setor elétrico, não poderíamos fazer o Luz para Todos. O governo Federal que banca cerca de 80 % dos recursos para esse programa. Evidente que isso tudo é conseqüência da Medida Provisória que produziu um novo modelo para o setor elétrico brasileiro. Um modelo que considero que precisa de aperfeiçoamento, mas que deve ser o perfil da política energético no Brasil. Só para lembrar, na época da crise do setor de energia, Ministério das Minas e Energia foi transformado Ministério do ‘Apagão’. O Mistério das Minas e Energia não tinha política naquele governo, o ministro José Jorge (PFL-PE) era um fantoche. Foi criado o Ministério do Apagão para resolver uma crise de energia, que mostrava que o Ministério de Minas e Energia estava num processo de total desprezo, era a lógica da privatização. Nós temos agora uma empresa de planejamento energético para desmembrar o cenário de crescimento, no qual a energia é um elemento fundamental. Não se cresce sem disponibilizar energia, isso requer planejamento e investimento no setor de geração e transmissão de energia elétrica.”
PR -O governo atual vem investindo na Parceira Público Privada? Quais os benefícios desta ação para o país?
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Fernando Ferro – “No setor elétrico estão acontecendo várias Parcerias Publico Privadas, principalmente na construção de usinas hidroelétricas. São vários consórcios que estão funcionando e operando redes de transmissão para o atendimento elétrico em todo país. O estado brasileiro não tem capacidade de fazer alguns investimentos, e por isso criou o mecanismo de atrair grupos privados. Essa parceria permite hoje essa expansão. Se o estado brasileiro conseguisse se desvencilhar da sua dívida externa e interna, ele teria mais dinheiro para fazer isso. Mas nós herdamos um país com quase R$ 900 bilhões de dívida interna e US$ 300 milhões de dívida externa. Conseguimos avançar na redução dessa dependência.
A relação dívida PIB caiu, e nós nos livramos do Fundo Monetário Internacional, por competência da nossa política econômica. O estado brasileiro que ficou profundamente dependente dessa regra do neoliberalismo consolidade no governo Fernando Henrique. Nós estamos gradativamente nos livrando dessa dependência. Mas estamos ainda muito dependentes, por isso o Estado não suporta fazer os investimentos necessários para gerar emprego e reduzir a crise social que assola o país todo. Mas não há dúvida que melhoramos nessa área. Uma das reclamações dos tucanos e do PFL é que estamos gastando muito, como se gastar em educação e saúde não fosse investimento. Eles vão quebrar a cara. Nós não podemos deixar de considerar uma crise social, com a violência nos centros urbanos, o desemprego muito grande, apesar de nós termos gerado postos de trabalho com essa política econômica, invertemos a curva de desemprego. O Estado brasileiro tem um papel importante de investimentos social, caso contrário não teremos uma sociedade mais de democrática e justa. Eu creio que o Estado brasileiro não pode por si só aportar os recursos, e a combinação das parcerias público privadas é uma das soluções para realizar a política conduzida pelo presidente Lula.”
PR – O estado de Pernambuco tem tido alguns ganhos neste governo, como a implantação da refinaria, e um número considerável de recursos previstos no orçamento da União. De quem é esse mérito? É uma ação do governo ou da bancada pernambucana no Congresso?
Fernando Ferro – “Eu acho que foi uma retomada para um posicionamento histórico que nosso estado teve na República brasileira. Recife já foi a capital do Brasil, Pernambuco era uma das principais economias do país. Gradativamente uma decadência tomou conta de nosso estado. Nós perdemos posições no Nordeste. As ações do governo Lula, lutando contra essas desigualdades regionais, reflete uma visão de Estado mais justo. As pesquisas de intenção de voto mostram que o presidente Lula teve uma aceitação de 63 % em Pernambuco. A direita de Pernambuco está mal. Isso porque no governo Fernando Henrique, Marco Maciel era vice-presidente e nesses oito anos a situação do estado só agravou. Em três anos e meio de governo do presidente Lula, Pernambuco retomou o seu crescimento. Nós vamos ampliar a presença do estado de Pernambuco na economia brasileira. Estamos entrando num ciclo de desenvolvimento que vai ser uma revolução naquela região. Eu acho merecido porque o nosso estado foi alvo de um desprezo por décadas, desde a ditadura militar nós fomos perdendo importância e nossas lideranças da direita pernambucana foram incompetentes, não tem como negar. E nas eleições no estado nós vamos levar esse discurso para o debate político. E a direita vai usar o discurso moralista, usar a crise para nos atacar, mas isso não vai nos atingir. Nós vamos apresentar os avanços que Pernambuco terá direito com a continuidade do governo Lula e com a eleição do PT para o governo do estado. A sincronia entre governo federal e do estado para alavancar a economia e o desenvolvimento que se instalou em Pernambuco.”
( por Liana Gesteira com edição de Genésio Araújo Junior)