Especial de Fim de Semana.

PSDB aposta em formação política de base para alcançar resultados em 2006; Em entrevista, o secretário geral do partido, Bismarck Maia, critica governo atual e defende inovação em gestão pública.

( Brasília-DF, 04/11/2005) Após permanecer oito anos à frente do governo federal, o Partido da Social Democracia Brasileiro (PSDB), assume hoje um papel de oposição no Congresso Nacional. No dia 18 de novembro o partido realiza sua VIII Convenção Nacional, em que o senador Tasso Jereissati assume a presidência nacional do partido.





Em uma entrevista dada ao Política Real o secretário geral do partido, o deputado Bismarck Maia (CE), comentou sobre os rumos do partido com a nova presidência e sua estratégia para as eleições de 2006. O deputado, que está em seu primeiro mandato de Deputado Federal, foi diretor da Cia. Desenvolvimento Industrial e Turístico do Ceará, entre 1991 e 1995 e diretor da EMBRATUR durante governo de Fernando Henrique, de 1995 a 2002.



Durante conversa , o deputado ressaltou o investimento que o partido vem fazendo na formação de base, a partir de ações desenvolvidas pelo Instituto Teotônio Vilela. Há dez anos o Instituto foi criado com objetivo e divulgar a doutrina social-democrata no Brasil. Para isso promove estudos, seminários, palestras e debates, além de disponibilizar publicações e impressos para militantes e interessados na “social democracia”.



O projeto de Governo do PT, foi alvo de críticas de Bismarck Maia, que afirma ser apenas “um projeto de poder” e ressalta a inovação que o PSDB pretende trazer em seu programa de gestão pública. Um programa que inclui o desenvolvimento sustentável do Nordeste como uma de suas metas.



Política Real – Qual a perspectiva do PSDB para as eleições de 2006?





Bismarck Maia – Nos últimos dois anos nós começamos a fazer um trabalho de consolidação do PSDB, com todas nossas instâncias, do municipal ao federal. Alguns deputados nos deixaram e com os que continuaram, os verdadeiros tucanos, nós começamos a consolidar o partido. Nós podíamos estar cooptando deputados, pelo contrario, preferimos investir nas bases. Trabalhamos nos estados onde o PSDB atua, no sentido de consolidar aquelas pessoas que realmente tem simpatia pelo projeto do partido e mais ainda, trabalhar junto com aquelas pessoas que entenderam que o partido enquanto governo não é o que acontece agora. É um partido que assume suas responsabilidades, diferente daqueles que estão no poder, notadamente o Presidente da República, que não assume erros. O PSDB é um partido que fala a verdade, que trabalha a favor do povo.



O resultado disso já foi visto nas eleições de 2004, onde nós tivemos um resultado extremamente favorável. Elegemos deputados e deputadas em São Paulo, onde nós ganhamos as eleições com Serra, o nosso presidente. Em 2005 nos estruturamos mais ainda, com a uma série de programações que levaram o PSDB a ter condições em 2006 enfrentar as eleições com muita força, muita determinação e, sobretudo, na eleição presidencial com um candidato do partido, com a credibilidade do povo brasileiro.





Política Real – Então, o investimento que vocês têm feito com as bases é a aposta do partido para as próximas eleições?





Bismarck Maia – O PSDB e o Instituto Teotônio Vilela, que é o instituo cultural e político do partido, trabalhou muito forte na formação política dos nossos militantes e também daqueles que estavam querem se agregar ao PSDB. Foram feitas diversas palestras, seminários, encontros regionais com as nossas lideranças. Para isso convidamos técnicos renomados, ligados a área da cultura, educação, saúde, política econômica. Enfim, tudo isso, ao longo desses dois anos, para poder esclarecer o que é “social democracia”, o que é o PSDB. Esclarecer qual o entendimento do que é melhor em saúde, cultura, economia, educação para o Brasil. Precisamos sair do lugar comum. Tenho certeza que o PSDB no poder vai melhorar tudo o que já fez, inovando, com vanguarda. Por isso nós estamos preparados para administrar o Brasil com inovações na área da educação, da saúde principalmente, da infra-estrutura do país e, sobretudo, com uma política econômica que seja mais justa para os brasileiros.





Política Real – Como vocês pretendem inovar, levando em consideração que algumas políticas adotadas pelo governo atual é uma conseqüência de ações do governo de Fernando Henrique? O modelo econômico é um exemplo disso.





Bismarck Maia – Primeiro, a única coisa que deve dar certo nesse governo é o que foi feito no governo passado. O projeto do PT é um projeto de poder. Não era um projeto de governar um país. Tanto, que eles tentaram com a máquina do poder na mão usar dinheiro público, segundo está apontando as atuais investigações, para poder cooptar políticos, comprar eleições. Eles buscaram uma força maior politicamente para ter uma força maior nas eleições de 2006.





Sobre a questão da política econômica, nós não faríamos o que estão fazendo. O superávit primário que eles adotam, de 4% a 5%, está longe do superávit primário que seria adotado pelo PSDB no poder. Diferente até do que foi adotado no governo passado, com taxas bem menores, não dando este estrangulamento tão forte na economia que está sendo dado pelo PT. A economia internacional está crescendo, como nunca cresceu desde o pós guerra, dando condições de países inferiores ao Brasil, com estruturas menores, crescerem muito mais que o Brasil. Este estrangulamento está inibindo o crescimento do país. Estamos perdendo uma oportunidade, que dificilmente o mundo terá novamente nos próximos anos. Eu entendo que a crise e a bonança, na economia do mundo, são cíclicas. Então nós estamos num momento de bonança e eles não estão sabendo aproveitar, com esse superávit. Essa política de adotar superávit, metas de inflação, esses regulamentos não seriam mais a nossa política, nós estaríamos numa outra etapa, inovando na política econômica. Hoje estamos nos preparando para chegar ao poder e adotar um outro tipo de política. Já não se aceita mais pagar tantos juros nesse país, embora tenha que se deixar claro a quem se paga esses juros.





O PT não tem nenhum programa na área de educação, nos tivemos, por exemplo o FUNDEF, um marco na história, principalmente nas regiões mais necessitadas onde a escola e os professores passaram a ter melhores condições. No nosso governo nós tivemos uma série de programas na área de saúde, o da AIDS, o Programa de Saúde da Família, os agentes, a quebra das patentes que hoje barateia os custos dos remédios. Enquanto o PT não tem um projeto. Nós vamos chegar ao poder novamente, com o apoio da população brasileira, com coisas concretas a oferecer ao povo, com projetos de governo e não com projeto de poder que levaram a essa verdadeira desorganização institucional que existe hoje no país a partir dessa crise política jamais vista.





Foi adotado pelo PT um sistema de corrupção que tem capilaridade em todo governo. O que fez essas denúncias acontecerem. Denúncias que estão vindo da base do governo, não foi da oposição. O que queremos é que a partir de denúncias se seja investigado.





Política Real – O PSDB e o PFL são os maiores partidos de oposição ao governo. Você acredita que os dois partidos possam traçar uma estratégia única de oposição nas eleições?





Bismarck Maia – Primeiramente, vou ressaltar que nesses dois anos de partido, com a gestão do presidente Serra, o partido foi para oposição. E se comportou como um exemplo de oposição. No primeiro ano, o partido teve a oportunidade de apoiar, aperfeiçoar e melhorar uma série de projetos que o governo enviou para o Congresso, contribuindo a favor do Brasil. Esse é o grande lema do PSDB. Inauguramos esse modo de fazer oposição, diferente daquela que era feita com a gente, que atacava tudo e a todos. Hoje, de certa forma, nós estamos vendo o resultado de quem planta outro tipo de conduta.





Uma estratégia única pode ser pensada a partir do programa a ser desenvolvido, de uma coligação a vir a ser feita. Nosso parceiro preferencial para as eleições de 2006 é o PFL. Esperamos estar unidos com o PFL nacionalmente e na maioria dos estados da federação. Isso é muito importante. E a partir disso será montado um programa a ser oferecido para a população brasileira, com as idéias do Partido da Frente Liberal, e com os projetos que nós temos para governar o país.





Política Real: Existem políticas específicas para o Nordeste dentro do projeto de governo do PSDB?





Bismarck Maia – Lógico, o desenvolvimento sustentável do Nordeste. Existe já uma discussão dentro do PSDB e a partir da liderança do Senador Tasso Jereissati, de uma diminuição dos desequilíbrios regionais que hoje existe no Brasil. Um investimento garantido, supervisionado, orientado por instituições que não estejam tão dependentes do governo, como por exemplo, o que se pretende que seja a nova Sudene. É preciso uma Sudene que regule, fiscalize, que tenha interface com todos os ministérios do governo, com uma porcentagem de recursos destinados para Norte e Nordeste. Não tenha dúvida que aí sim acontecerá o desenvolvimento equilibrado regional, a partir de uma regulamentação e de uma transparência na distribuição de recursos. Este é o projeto que nós temos para o Nordeste, ou seja, melhorar a logística, a infra-estrutura para que venham os investimentos privados. Mas tudo isso de forma bem organizada. Só assim nós teremos um equilíbrio dentro do plano de governo. Não se pode ficar dependendo de emendas parlamentares, emendas de governo, nem muito menos de uma decisão do Presidente da República de colocar agora ou depois investimentos no Nordeste. Temos que ter percentuais garantidos para a região Nordeste dentro de um equilíbrio normal da receita do governo para trabalhar com todos os estados.







Política Real – Qual a perspectiva dos rumos do partido com a posse de Tasso Jereissati como novo presidente do PSDB?





Bismarck Maia – Nós tivemos dois grandes presidentes, durante minha gestão de secretário, José Serra e depois entrou o Carlos Eduardo Azeredo, um homem respeitado pela sua história, pelo seu passado. Agora entrará o Tasso Jereissati , no dia 18 de novembro que é outro exemplo, já foi três vezes governador. Ele inovou nas questões administrativas, muitas delas que serviram de exemplo par o nosso próprio Governo Federal. O programa de agente de saúde começou no Ceará. A Lei de Responsabilidade Fiscal nós já tínhamos em 1987, no estado do Ceará e tantas outras coisas. Além desses exemplos de gestão, ele contribuiu com conceitos que ele passou a adotar na vida política administrativa pública, no estado do Ceará. Conceitos que mudaram até uma geração, que passa a olhar a responsabilidade fiscal, responsabilidade social com muito mais atenção do que se fazia anteriormente no Estado. É um senador da República que nos primeiros dois anos já se impôs fortemente dentro da sua própria bancada, e no meio dos outros senadores. Um homem de respeito nacional e devidamente reconhecido na sua própria cidade. Temos uma pessoa pronta para administrar o partido e agora com muito mais capacidade que aquela que teve em 1994 e naquela época ele já conseguiu fazer um Presidente da República.





Política Real – Você acha a presença de Tasso Jereissati na presidência do partido pode influenciar no resultado das eleições de 2006 no Nordeste? Você acredita que o partido vai conseguir ampliar sua bancada nos estados do Nordeste?





Bismarck Maia – Eu não tenho dúvida, Pernambuco é um exemplo. Nós hoje temos 53 deputados e não tenho a menor dúvida de que o PSDB seja o partido que mais poderá crescer nessas eleições. Não depois das eleições, com cooptação para poder ter um projeto de poder. Mas com aqueles que se filiaram, aqueles que vêm trabalhando no partido, passando por oposição mas acreditando na bandeira tucana. Esse é o trabalho de consolidação da base, que a gente já falou anteriormente. Nós vamos vir com novos deputados, que venham com uma formação tucana, com todo o trabalho que temos feito até agora para ter essa militância atuante nesses últimos anos.





Política Real – O ministro do TCU, Ubiratan Aguiar, em uma entrevista ao Política Real, alertou para a falta de capacidade de alguns políticos na gestão pública. Ele acredita que muitas fraudes públicas administrativas são decorrentes da falta de formação dos políticos sobre orçamento e legislação. A formação política de base foi um ponto muito freqüente nessa conversa, como está sendo feito esse investimento?





Bismarck Maia – Existe uma preparação no Instituto Teotônio Vilela, programado para 2006. Logo no início do ano o instituo vai oferecer formação para aqueles que desejam ocupar cargos estaduais, municipais, federais. Será feita uma formação política do partido, sobre as idéias do partido para ter capilaridade no Brasil inteiro. Por outro lado, nós estamos até fazendo com prefeitos do PSDB uma série de discussões que possam melhorar a questão da gestão pública. A gestão pública é um marco do PSDB. O partido pode ter tido erro, assim como alguns de seus membros, em algumas gestões. Mas se você fizer comparação com outros partidos, nós temos esse diferencial reconhecido pela sociedade. Os governos do PSDB são aprovados pela população. Mesmo os que não são aprovados em termos percentuais nós não vemos eles atracados com denúncias de corrupção, ou até mesmo de má gestão, com o dinheiro público. É um marco do PSDB é a questão da gestão pública e nós vamos investir mais nos tucanos que querem ser prefeitos, vereadores, deputados, para saber o papel do legislador em relação ao poder executivo. Esse marco tende a se aprofundar na questão do melhoramento da gestão pública dentro do partido.







( por Liana Gesteira com edição e coordenação de Genésio Araújo Junior)

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