Mário Santos, do ONS, falará aos deputados no fim do mês; termoeléctricas nordestinas podem deixar de operar ano que vem





(Brasília-DF,15/04/2004) A bancada nordestina decidiu receber Mário Santos, Operador Nacional do Sistema, ONS, para que ele fale sobre a questão energética nacional visto que no fim deste ano, e ao final de 2.005, as térmicas instaladas em 2.002 deixarão de operar, por determinação contratual. A maioria das térmicas está instaladas no Nordeste e, segundo fontes ligadas ao setor energético, se não fossem essas companhias teríamos tido um novo “apagão” ao final de 2.003. Durante a visita que a bancada fez, e a agência Politicareal acompanhou, ao Cptec do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE, em São José dos Campos, em São Paulo, em meados de janeiro – os técnicos confirmaram que as poucas chuvas de outubro-novembro do ano passado eram “preocupantes”. Mário Santos confirmou que irá ao café-nordestino do dia 28 abril.



Das 53 térmicas instaladas nesse período, 41 estão no Nordeste, sendo que o estado da região que possui mais térmicas é o Ceará, com 14 delas, inclusive a de maior produção.



Segundo o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Energia Emergencial, a ABPEE, o engenheiro José Costa Carvalho Neto, as empresas desse setor funcionam como se fossem grandes geradores, desses que funcionam em shoppings ou prédios de apartamentos que só são notados quando falta a chamada “energia de base”, que é a das hidroelétricas. Mesmo como produtor independente ele não demonstra determinação de ir contra o modelo nem o considera esgotado. “O modelo brasileiro é e deve ser hidroelétrico”. Ele, porém, destaca: a cada vinte anos, mesmo que tudo ande dentro da normalidade, vai ter a um “apagão” que vai ter que ser suportado por uma outra forma de geração. Costa Carvalho informou que com a criação da Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial(CBEE) foi permitida a instalação das térmicas. Os críticos do sistema acham que as empresas fornecedoras dessa energia foram muito favorecidas com o seguro-apagão, que o consumidor de energia elétrica paga em sua conta e que essa operação poderia ter sido feita pelo Estado. Costa Carvalho argumenta, comparando com a região Norte do país:



– No Norte existe um subsídio de 80% e ninguém no país questiona pois é fundamental que se mantenha a região – disse o líder dos fornecedores independentes de energia



Os deputados nordestinos, e a coordenação da Bancada, não escondem suas preocupações. Muitos estão convencidos que as térmicas devem continuar, outros nem tanto, daí a iniciativa de convocar Mário Santos, especialista no sistema. Pelo que a Politicareal apurou, o governo federal não quer entrar em bola dividida e teme algum desgaste ao tomar nova decisão para atender o setor e a região. Por enquanto, com a redução da atividade econômica dá para esperar, a maior produtora de energia do Nordeste, a Breitener Energética S/A, que opera no Ceará, já mandou avisar que pode sair:



– Nada impede aos acionistas irem para Manaus. Dentro de 90 dias sairá uma licitação que, sem garantia na região Nordeste ,poderá levar a usina para o Norte – disse a Politicareal Elfio Rocha Mendes, diretor administrativo da empresa.



Os empreendedores independentes se movimentam, a Enguiagen Ltda criou uma subsidiária, a Eco Diesel, que decidiu pegar o Governo pelo seu ponto fraco, empregos. Num projeto de fôlego, no Piauí, eles querem usar para suas térmicas a produção de biodiesel, com mamona, que seria usado na produção de energia tendo o “Fome Zero“ como motivador e senha. As térmicas funcionam com diesel, óleo combustível e biomassa, elas também poderiam usar gás mas a pouca produção nacional, ainda, não ajuda.



PRODUÇÃO,PRODUTORES E VALORES – Os produtores independentes geram hoje no Nordeste 1,5 mil megawatts/hora. O total instalado no Brasil, depois da crise do “apagão”, chegou a 1,860 mil MW. Só no Ceará se produz 460 MW. Hoje, para instalar uma nova térmica o preço de 1MW seria de R$ 120,00( cento e vinte reais, mas as já instaladas operam vendendo ao setor por R$ 100,00( cem reais), em média. O setor trabalha com a prorrogação dos contratos em moldes a ser negociados, coisa que eles não antecipam, com valores bem menores, algo em torno de R$ 40,00( quarenta reais) o MW. As discussões prometem ser intensas num setor que teve de conviver com a surpresa nacional de testemunhar chuvas que não aconteciam no Nordeste, e no país, desde a década de 20 do século passado, segundo alguns especialistas.



( por Genésio Araújo Junior, coordenador e editor)


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