Reitores dão sinais que a questão das quotas não é fundamental; Alagoas é a única do Nordeste que oferece quotas para negros e indígenas

Os reitores das universidades federais, em sua maioria, deixaram evidente que uma reforma universitária que venha atender o país, e em especial o Nordeste, deve fortalecer o ensino médio e fundamental. Quanto a questão das cotas para negros, os reitores. os que se manifestaram, evitaram tratar do assunto, porém aos jornalistas destacaram que o fundamental seria fortalecer o ensino médio e fundamental para que todos chegassem a ter condições de ter acesso as universidades. A única universidade nordestina que teria um regime de quotas para atender negros, e outras minorias, como a indígena, é a de Alagoas. As duas outras que oferecem vagas, em cotas especiais, para atender minorias seriam a Universidade de Brasília, UnB, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ.



APOIO DA BANCADA – O coordenador da Bancada do Nordeste, o deputado Roberto Pessoa(PL-CE), disse à Politicareal que a bancada vai ajudar na questão da reforma universitária.



– São tantas as reformas que estão em tramitação mas podemos ajudar, sim, e vamos fazê-lo” – disse Pessoa.



Ele informou que, agora, na discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias, a bancada nordestina já pode atuar, ao conferir ao setor de ensino médio um melhor atendimento. Os reitores destacaram que é fundamental que isso ocorra.



Reitores de seis universidades dos nove estados nordestinos estiveram no café-nordestino com os parlamentares, assim o como o representante da Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota, que destacou tanto na fala aos deputados, como aos jornalistas, que o MEC não tem a intenção de verticalizar uma determinação na questão das cotas ou outros temas para as universidades federais, pois, sim, encorajar o processo de autonomia. Ele , Mota, disse que a regionalização é o melhor caminho das universidades em seu atendimento, assim como concordou com os reitores de que o melhor para o crescimento do ensino universitário brasileiro seria a melhoria do ensino médio e fundamental.



Compareceram ao café-nordestino os reitores das Universidade Federais do Sergipe, José Fernandes, da Bahia, Newmar Monteiro Filho, do Maranhão, Fernando Antônio Guimarães Ramos, do Rio Grande do Norte, José Ivanildo do Rêgo, e Ana Deise Resende, de Alagoas. Compareceu, também, Walmar Andrade, este da Federal Rural de Pernambuco.



Todos receberam, de parlamentares de seus estados, imagens do Padre Cícero, símbolo da Bancada. Os trabalhos foram coordenados pelos deputados Givaldo Carimbão(PSB-AL) e Alice Portugal(PC do B-BA).



O deputado Padre José Linhares(PP-CE) que foi quem fez uma saudação, convocado que foi pelo coordenador-geral da Bancada, deputado Roberto Pessoa, depois falou a Politicareal, destacando a questão das cotas:



– No Nordeste, ainda está se estudando essa questão( das cotas), pois temos que ver que de nada adianta a pessoa entrar na universidade e não ter condição de levar a frente( o curso). Temos que ver que a falta de fatos positivos para este governo possam fazer com que eles usem esse caso como uma forma de gerar bons fatos… – disse Linhares.



Ele é fundador da Universidade Estadual do Vale do Acaraú, no norte do Ceará – além de compor o Conselho da Universidade.



NÚMEROS – Os reitores de Sergipe e de Pernambuco, José Fernandes Lima e Walmar Andrade, foram os que mais destacaram que o futuro da universidade federal brasileira depende muito da melhoria do ensino público médio e fundamental. Eles deixaram claro uma tendência de mérito para ingresso nas universidades e não foram contraditados pelos outros reitores presentes. Na avaliação de Fernandes apesar dos problemas nacionais houve avança nas universidades.



Fernandes Lima salientou que um dos grandes problemas para o Nordeste seria o acesso a pós-graduação e a massificação do oferecimento de vagas para determinados cursos.



Segundo Fernandes Lima, 80% dos matriculados em doutoramento no país estariam restritos ao Sudeste e que destes 58% estariam entre USP e Unicamp. Eles informaram que com esse quadro de concentração a determinação de se oferecer ao Norte e Nordeste 40% dos recursos dos fundos setoriais( que estariam ainda contingenciados) poderiam não atingir seus objetivos.



– Do jeito que está, se continuarmos com este quadro( nas pós), a água vai continuar indo para o mar – disse Fernandes destacando as perdas para a região.



Ronaldo Mota informou aos jornalistas que mudanças já começam a ser feitas para evitar concentrações e incentivar a regionalização. Ele lembrou que medidas contra abertura de novso cursos de direito já seriam um exemplo dessas mudanças. Na questão das pós-graduações, ele informou que a Capes teria condições de oferecer alternativas nessa mudança de regras, mas que tudo isso seria um processo. Roberto Pessoa, coordenador geral da Bancada, anunciou que deseja mais informações sobre esta questão.



O Nordeste teria 29 % da população, 13% das instituições de ensino superior e 12% dos matriculados. As universidades privadas representam 11 % das instituições com 7% do total de vagas no país. Enquanto isso, o Sudeste teria 43% da população, 56% das instituições federais do país e 58% da oferta de vagas.



Hoje, no Brasil, segundo os reitores, temos 3,5 milhões de pessoas nas universidades nacionais, federais e privadas, sendo que 70% deles em universidades privadas. Poderemos graduar, neste ano, algo em torno de 500 mil pessoas. As universidades federais graduam 33% dos que tem acesso a universidade. As pós graduações cresceram 158% entre 1.995 e2.001. Um problema destacado pelos reitores e representante do MEC é que 41 % de todos os matriculados estão em cursos de Direito, Contabilidade e Administração.



Os reitores disseram que o sistema universitário brasileiro é muito complexo e não pode ser tratado de uma forma uma e simples. Com esta complexidade, eles demonstraram aos parlamentares que não é possível levar adiante a tese divulgada de levar todos os professores das federais as pesquisas pois com isso algumas facetas do ensino universitário deixariam de ser atendidas.



( da redação)


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