( Publicada originalmente às 17 h 48 do dia 25/08/2020) (Brasília-DF, 26/08/2.020) Após se reunir nesta terça-feira, 25, com o coordenador da Bancada do Nordeste, deputado Júlio César (PSD-PI), em seu gabinete no Ministério da Infraestrutura, o ministro Tarcísio Gomes de Freitas prometeu que os recursos necessários para federalizar o trecho entre a região do médio oeste do […]
Brasília-DF, 06/10/2006) OS candidatos à Presidência da República iniciaram suas campanhas neste segundo turno na região Nordeste. Ontem, Geraldo Alckmin participou de um encontro na Bahia com cerca de 300 prefeitos e deputados. Hoje, o presidente Lula desembarca em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) onde participará de duas carreatas.
CAMPANHA NORDESTE
Alckmin parece querer reverter o quadro na Bahia, quarto colégio eleitoral do país, que reuniu cerca 9 milhões de votos nas urnas, no domingo. O candidato tucano teve 26,03 % dos votos no estado, contra 66,65 % de Lula. Além disso, a virada do candidato petista Jaques Wagner eleito governador para 2007, foi uma surpresa na política regional.
O evento de ontem contou com os principais líderes da coligação PSDB-PFL no estado como Antonio Carlos Magalhães, o governador Paulo Souto, o deputado federal José Carlos Aleluia, o prefeito de Feira de Santa (segundo maior colégio eleitoral do estado) José Ronaldo.
Além da Bahia, Geraldo Alckmin está investindo em Sergipe, estado do Nordeste em que teve melhor desempenho nas urnas de domingo. O tucano teve 125.987 votos em Aracaju, contra 112.844 do presidente Lula, saiu vitorioso em mais 27 municípios. A campanha no estado conta com a base de sustentação política do governador João Alves Filho, que virou coordenador da campanha tucana no Nordeste. A campanha local terá ainda o reforço do ex-governador Albano Franco, presidente de honra do PSDB e deputado federal.
A estratégia de Lula na região é diminuir a abstenção. Os estados do Maranhão, Alagoas, Bahia e Pernambuco tiveram índices de abstenção acima de 18 % do eleitorado. Uma taxa maior do que a média do país. Para conquistar os votos deste eleitor, Lula reuniu durante a semana os governadores eleitos Jaques Wagner (BA), Wellington Dias (PI) e o deputado federal mais votado do Ceará, Ciro Gomes (PSB), e discutiu estratégias voltadas para a região.
ELEITORES
As análises dos votos para presidente no primeiro turno levaram os cientistas políticos a perceber uma polarização classista do eleitorado, onde os pobres votaram em Lula e os ricos em Alckmin. “Há uma lógica no Brasil que está ligado há uma divisão entre política assistencialista e o liberalismo econômico. O PT aumentou o nível de assistencialismo, mas segue com uma lógica econômica liberal”, afirma o e cientista político e sociólogo Antonio Flávio Testa. Para o cientista o fato de Lula ter investido forte no Bolsa-família sensibiliza as classes mais pobres. “Para os mais pobres receber R$ 95 é significativo”, diz. Mas por outro lado houve uma deficiência no atual governo nas políticas para a classe média, o que pode ter levado a polarização. “Mas qualquer que seja o resultado dessa eleição a política assistencialista vai continuar forte no país”, relata Antonio Flávio. O sociólogo afirma que esse tipo de política começou a ser implantado no governo de FHC e não é uma novidade do governo Lula.
ELEITORES SUDESTE
O cientista Antonio Flávio Testa alega que este esforço na região Nordeste não vai influenciar muito no resultado das eleições no segundo turno. “O colégio eleitoral no Norte e Nordeste é pequeno”, alega Testa. O estudioso afirma que Minas Gerais e o Rio de Janeiro são os dois estados que podem definir os rumos de quem será eleito.
Minas Gerais é o segundo colégio eleitoral do país, depois de São Paulo. “O PT é muito forte em Belo Horizonte. Mas Alckmin tem um forte aliado no estado que Aécio Neves (governador eleito para 2007)”, afirma Antonio Flávio. Aécio teve 77 % dos votos contra 22 % o petista Nilmário Miranda. Em contraponto Lula recebeu 50,8 % dos votos no estado enquanto Alckmin teve 40,6 %. O cientista Antonio Flávio acredita que o quadro local é propício para transferência de votos.
O Rio de Janeiro, que é o terceiro estado em concentração de eleitores, foi o local onde Heloísa Helena e Cristovam Buarque tiveram maior número de votos. Os dois juntos somam 21,6 % dos votos no estado. Antonio Flávio testa diz que briga de votos se concentra entre os eleitores de Heloísa e Buarque. “A divisão estão grande entre esses eleitores. Grande parte deles tendem para uma ideologia de esquerda. Se Lula conseguir colocar políticas afinadas com este eleitor pode ganhar votos. Por outro lado Heloísa, Buarque e o deputado federal mais votado no estado, Fernando Gabeira, já se posicionaram contra Lula”, explica o cientista político.
CENARIO POLÍTICO NORDESTE
Ao analisar o resultado das eleições realizadas domingo, é possível perceber algumas mudanças no cenário do Nordeste. O PT aumentou a sua bancada em alguns estados,e elegeu dois partidários (Wellington e Wagner) e um aliado (Cid Gomes). A Bahia, por exemplo, apontou para uma mudança nos poderes vigentes no estado durante décadas, ao eleger Jaques Wagner (PT), derrotando o candidato de ACM, Paulo Souto (PFL).
Antonio Flávio esclarece que na Bahia a disputa girou em torno do senador Antonio Carlos Magalhães e Lula e isso influenciou no resultado das eleições para o governo. “Lula liberou muitos recursos para o Estado e investiu forte na campanha de Jaques Wagner. Foi uma competição entre Lula e ACM”, declarou.
O sociólogo acredita que a região passa por uma fase de transição, onde algumas lideranças estão perdendo espaço, mas isso não significa uma mudança estrutural pois os herdeiros desses líderes que estão assumindo o poder. “No Ceará, por exemplo, o Tasso Jereissati e o Ciro Gomes seguem como coronéis. Não é diferente de outros contextos, apenas mudaram as pessoas a frente do poder”, afirma.
“São situações conjunturais e não estruturais”, diz o cientista político. Antonio Flávio analisa que enquanto não houver uma mudança no sistema político, a estrutura não vai se modificar.
(por Liana Gesteira com edição de Genésio Araújo Junior)