ESPECIAL DE FIM DE SEMANA.
Em entrevista especial, o deputado Antonio Cambraia (PSDB-CE) fala dos preparativos das comemorações do Ano do Turismo; O parlamentar discute ainda projetos importantes para o Nordeste e o cenário político da região – Ele disse que a pretensão de reeleição do governador Lúcio Alcântara está consolidada e que o Governo Federal não cumpre promessas com o Nordeste.

( Brasília-DF, 12/05/2006) O parlamentar Antonio Cambraia (PSDB-CE), em seu segundo mandato de deputado federal, assume o papel de defensor do desenvolvimento turístico do país, tendo sido presidente da Comissão de Turismo no ano passado. Em entrevista especial, o deputado fala sobre os preparativos para comemorações do Ano do Turismo, instituído pelo presidente Lula. “A Câmara, através da Comissão de Turismo e Desporto está preparando uma série de eventos com parceria da Frente Parlamentar de Turismo e a Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado”, informa o deputado.





“A força do turismo interno no Brasil ainda não foi explorado. Fizemos um investimento muito grande em termos de publicidade e suporte para o turismo externo, enquanto internamente temos uma grande fatia da economia que poderia ser trabalhado, poderia até ser dado uma prioridade”,a valia o deputado durante entrevista. Antonio Cambraia já foi secretário de Turismo do Governo do Ceará (2001 e 2002), e quando prefeito de Fortaleza (1993-1997) criou órgão que desenvolveu o turismo local. O Ceará, hoje, é um exemplo de pólo turístico da região Nordeste.





Além de discutir aspectos importantes do turismo, ressaltando atividade como desenvolvimento econômico e social, o deputado cita ainda outros projetos em pauta no Congresso que beneficiam a população brasileira, como a Lei geral da Micro-Empresa, a Mini-reforma Tributária, e a Renegociação de Dívidas Rurais. “È uma lei que abrange a economia como um todo e beneficia todas as regiões”, declara sobre a Lei Geral da Micro-empresa.





Por fim, o parlamentar discorre sobre o cenário político, do Ceará e do Nordeste e a discriminação que a região sofre ao longo dos anos. “Há uma certa discriminação. Eu me lembro quando trabalhava no BNH a gente dizia que enquanto para o Nordeste ia R$ 1 real, para o Sudeste ia R$ 1 milhão de reais. É desproporcional o valor dos recursos aplicados no Nordeste em outras regiões”, afirma. Leia abaixo os principais pontos da entrevista.





Ano do Turismo





“Para as comemorações do Ano do Turismo, a Câmara, através da Comissão de Turismo e Desporto, está preparando uma série de eventos com parceria da Frente Parlamentar de Turismo e a Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado. Além disso, vamos contar com o tradicional apoio da Confederação Nacional do Comércio, que sempre foi parceira da Comissão de Turismo. A CNC é uma entidade que trata o turismo como prioridade, pela importância que o turismo tem na geração de renda e de emprego. Já foram realizados sete congressos brasileiros de Turismo, chamados Sebratur, com preparatórios em diversos estados, e o apoio da Fecomercio, do Sebrae. Este ano espera-se que o Sebratur, que já está na oitava edição, seja realizado com uma ampla participação da sociedade de empresas do setor, até porque, desse evento sairá um documento para ser apresentado ao candidato que vencer as próximas eleições. Ontem (10/06) a audiência da Comissão de Turismo teve a participação de Norton Lenhart, da CNC, que veio apresentar a programação das comemorações do ano do turismo e teve total apoio dos membros da Comissão.”





Desenvolvimento do Turismo





“Um dos pontos que foi discutido na Comissão é que a força do turismo interno no Brasil ainda não foi explorada. Fizemos um investimento muito grande em termos de publicidade e suporte para o turismo externo, enquanto internamente temos uma grande fatia da economia que poderia ser trabalhada, poderia até ser dada uma prioridade. O Brasil é um país de dimensões continentais, com variação de potencial turístico de região para região, até entre os estados. Então um dos pontos tratados na audiência foi esse, de avaliar como podemos estimular e mobilizar os setores do governo e da iniciativa privada para ampliação do turismo interno no Brasil. Primeiro é preciso divulgação e também investimento em infra-estrutura de hoteleira e transporte direcionados para ampliar esse turismo interno. Como eu disse antes, tudo isso já vem sendo feito, mas visando o turista de fora, enquanto nós temos um manancial enorme que pode ser trabalhado no turismo interno.”





Ceará e o Turismo





“Eu não sou do ramo, nem tenho empresa no ramo. Não tenho formação acadêmica na área do Turismo. Eu passei a me interessar pelo setor por enxergar esse potencial de desenvolvimento da economia da qualidade de vida, quando fui prefeito de Fortaleza. Eu tive visão de que deveríamos dar uma atenção especial ao turismo pelo seu potencial econômico e social. E como prefeito de Fortaleza criei um órgão para tratar a questão do turismo, que fez um trabalho muito importante na divulgação do potencial turístico aqui no Brasil e principalmente lá fora. A partir daí eu passei a ser um entusiasta do Turismo. E quando fui secretário do Turismo no governo de 2001 e 2002 eu pude trabalhar o setor, com a visão de que o turismo envolve três pilares: a infra-estrutura, capacitação da mão-de-obra e a divulgação. É preciso uma infra-estrutura ampla, de hotéis, restaurantes e outros atrativos.



A divulgação, ou seja, a promoção, visa vender o potencial turístico como produto. E o terceiro ponto, a capacitação, visa a melhoria dos serviços oferecidos ao turista. Encaminhei o trabalho na secretaria dando atenção a esses três pontos, promovendo lá fora, participando de todas as feiras e workshops no país e também no exterior. Incentivei a implantação de empreendimentos turísticos, não só de hotéis, mas também de parques. Na área de capacitação de mão-de-obra fiz um convênio com o Sebrae e com Senac. Essa parte da capacitação eu entendo que é muito importante e deve ser a primeira etapa. Porque você pode ter uma excelente infra-estrutura, uma promoção que traga muitos turistas, mas se você não tem um serviço bom, eles não voltam, falam mal do atendimento. Então esse é um aspecto importante do setor, que ainda é falho no Brasil, porque as feiras, os parques, restaurantes, têm excelentes condições físicas, mas têm um atendimento que deixa a desejar. Então para desenvolver o turismo tem que se trabalhar essas três questões concomitantemente, mas primeiro deve se trabalhar na capacitação.”





Micro-empresas





“A lei mais importante para pauta hoje é a Lei geral da micro-empresa, que nós ainda não votamos. Esta lei é importante por toda força que a micro-empresa tem na economia brasileira, como geradora de renda por excelência. Quem emprega mais no país é pequena e micro-empresa, não são as grandes, que na maioria das vezes trabalham com um sistema de automação e empregam pouca mão-de-obra. Então incentivar esse setor é primordial, pois o governo não perde muita arrecadação. Cerca de 95 % da arrecadação do país vêm das grandes empresas. As micro-empresas participam com uma parcela tão pouca da arrecadação que poderia ser dada condições especiais em relação a tributos e à desburocratização. Isso estaria contribuindo bastante para geração de emprego, que é a vocação maior das micro-empresas, e não traria prejuízos para arrecadação do país. É uma lei que abrange a economia como um todo e beneficia todas as regiões. Já há um consenso formado em torno da matéria.



O governo aceita aprová-la, a oposição aceita aprova-la, a dificuldade maior é a pauta trancada por causa das medidas provisórias. Outras matérias também estão entrando na frente, na pauta, como é o caso da mini-reforma. Esta é também uma matéria importante mais ainda não há um consenso sobre ela, pois muitos estados alegam que vão perder arrecadação com a unificação das alíquotas, mas creio que essa unificação ia acabar com as guerras fiscais. Outro ponto interessante dessa reforma é o aumento do FPM, que parece pontual, mas é muito importante, pois o município é que está lá na ponta, se você amplia seus recursos, obviamente amplia capacidade de prestação de serviços e melhora vida da população.





Renegociação de dívidas rurais





A renegociação das dívidas rurais do Nordeste é uma matéria importantíssima. O assunto está na pauta com uma MP que não satisfaz. O governo tem que ter sensibilidade para essa questão. O produtor rural, tanto o pequeno como o grande, não têm condições de pagar o empréstimo como eles foram contratados, no prazo que foram contratados, com a taxa de juros que foi estipulada. O governo tem que dar alguma condição. Não é a dispensa dessa dívida. O produtor quer pagar, mas com condições que ele possa pagar. A tentativa é mudar a MP, através de um Projeto de Lei, mas o governo está intransigente. É uma falta de visão, de sensibilidade com a cultura do Nordeste. Quem conhece teria condições de perceber a situação real desses produtores, porque se não renegociar o dinheiro não vai entrar. Todos saem perdendo. É preciso dar condições melhores do produtor pagar sua dívida, voltar a produzir.





Nordeste e Governo





O Nordeste sempre teve uma força política muito grande, não só pela grande população da região, mas pelos talentos políticos revelados ao longo dos anos que têm condições de assumir qualquer cargo da República. A força política que tem o Nordeste, com grande bancada, embora bancada não seja tão coesa assim, porque cada um defendendo seu próprio estado e não a região como um todo, mas comporta a presença de um nordestino nas chapas presidenciais. A visão de quem não é do Nordeste, ou de quem não seja bem assessorado pode ser que prejudique a região. A região tem força econômica. O Nordeste não quer esmola, ele quer ser parceiro, quer participar da vida do país. Ele tem potencial econômico, que lhe dá condição de ser parceiro e não beneficiário. Independente de onde o político seja, um presidente é eleito para administrar um país e não uma região. Por isso não posso afirmar que o pouco desenvolvimento do Nordeste seja fruto de governos, em sua maioria, com representantes do Sudeste. Houve até presidentes nordestinos. Mas há uma certa discriminação.



Eu me lembro quando trabalhava no BNH a gente dizia que enquanto para o Nordeste ia R$ 1 real, para o Sudeste ia R$ 1 milhão de reais. É desproporcional o valor dos recursos aplicados no Nordeste em outras regiões. Quando acontece uma seca no Sul milhões de reais são aplicados imediatamente. Seca no Nordeste é uma constante. Há essa diferenciação, talvez por falta de conhecimento do que é o Nordeste, do que ele representa, e de como poderia ser conduzida uma política para o Nordeste. Veja a situação da Sudene, por exemplo. O presidente Lula fez uma grande festa no Ceará na sua eleição dizendo que ia recriar a Sudene. O seu mandato já está acabando e ele ainda não criou a Sudene. A transposição também, que ia beneficiar a população do semi-árido do Nordeste, não saiu do discurso. Sei que existe medida judicial impedindo e outros governos que são contra, mas, por mais que pareça um velho chavão dizer isso, falta vontade política. Não é complexo de inferioridade não, mas a gente sente que existe uma falta de sensibilidade do governo federal com o Nordeste.





Eleições Ceará





Eu sou candidato a reeleição. Pelo que sei, todos os deputados federais do estado são candidatos a reeleição. Em relação à candidatura do governador Lúcio Alcântara, houve alguns contratempos, mas isso já está superado. A candidatura de Lucio Alcântara está consolidada, é o candidato natural do PSDB com apoio do partido. Ele vai conduzir a coordenação de sua composição, de coligações e formação de chapas.





( por Liana Gesteira com edição de Genésio Araújo Junior)










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