Durante café da manhã da Bancada, deputados nordestinos questionam aplicabilidade de projetos como a cultura da mamona para produção de biodiesel; Técnicos da Embrapa falam das pesquisas para a região e parlamentares se dispõem a lutar por mais recursos para pesquisas tecnológicas.

( Brasília-DF, 31/08/2005) Os técnicos da Embrapa presentes ao tradicional café nordestino, nesta quarta, 31, na Câmara Federal, explicaram aos parlamentares do Nordeste quais pesquisas têm recebido mais incentivos na região e de que forma os recursos estão sendo distribuídos. Mais de vinte deputados estiveram presentes ao café e questionaram os técnicos acerca da distribuição de recursos e da forma de atuação da empresa na região.



Uma das maiores dúvidas dos parlamentares diz respeito ao biodiesel, que deverá ser produzido a partir da cultura de mamona. Segundo a Embrapa, algumas regiões do semi-árido já estão aptas a cultivar a mamona, mas os deputados não estão muito confiantes.



“Ainda não tenho muita certeza na viabilidade da produção de biodiesel no semi-árido, porque não temos visto uma evolução concreta”, afirmou Júlio César (PFL-PI), que também questionou os investimentos em fruticultura na região.



Oswaldo Coelho (PFL/PE) elogiou a intenção da Embrapa de “começar os trabalhos na pesquisa e terminar no produtor”, lembrando que no Brasil as pesquisas são sempre engavetadas. O parlamentar também questionou a produção de mamona no semi-árido e propôs que os deputados se “unam à Embrapa para melhorar cultivos de qualidade”.



Já o deputado Ariosto Holanda (PSB-CE) questionou a afirmação de que “a mamona tem produtividade alta” afirmando que “não se sabe como encontrar sementes dessa mamona de qualidade”. O deputado, que defendeu a união entre a Embrapa e os Núcleos de Conhecimento criados pelo Ministério de Tecnologia para disseminação do conhecimento cientifico no país, perguntou como está sendo produzida e distribuída essa semente.



Segundo o diretor-executivo da Embrapa, José Geraldo Eugênio, as pesquisas para cultura de mamona estão avançando a cada dia. “O bio-combustivel será determinante no país, nos próximos anos e nossa pesquisa tem apontado isso. A mamona ficou mais de 20 anos sem ser trabalhada e, tanto a Embrapa, como as universidades parceiras, estamos evoluindo nas pesquisas para produzir mamona de qualidade no semi-árido, que seja viável para o grande e pequeno produtor. Sementes de qualidade estão sendo produzidas e sua distribuição planejada para que, em breve, tenhamos uma cultura arraigada no Nordeste”, disse.



Conhecimento – O deputado Gonzaga Patriota (PSB/PE) concordou com Ariosto Holanda sobre a importância de investir na disseminação da Educação e do Conhecimento Cientifico. “A aproximação da Bancada com a Embrapa é importante para conseguirmos recursos para o setor, já que o governo federal não considera importante investir em educação e conhecimento, devemos nos unir e fechar emendas que garantam recursos para o desenvolvimento desses setores”.



O deputado Fernando Ferro (PE) questionou as pesquisas na área de biotecnologia no Nordeste e defendeu o governo afirmando que “já existem, sim, centros de excelência de ensino e de pesquisa no Nordeste”. Segundo o parlamentar, as “mazelas do desenvolvimento no Nordeste são reflexo do restante do país” e é preciso se pensar em “procedimentos para suprir e reduzir as diferenças de distribuição de recursos e conhecimento que existem no Brasil, mas também as que existem dentro da própria região Nordeste”.



A grande maioria dos deputados concordou que a Bancada deve se unir para tentar conseguir recursos de estimulo à pesquisa para a Embrapa continuar seu trabalho na região. O deputado Zezeu Ribeiro (PT/BA) questionou porque os fundos setoriais não são utilizados para áreas como essa. “Esses recursos vinculados nunca são totalmente utilizados e depois acabam sendo usados para pagar coisas menos importantes. Precisamos nos unir para que recursos como esse sejam revertidos para a agricultura e a pesquisa”.



Segundo o presidente da Embrapa, Sílvio Pestana, os fundos setoriais podem, e devem, ser usados para pesquisa. “Não estou nem falando em descapitalizar outros setores, mas 10% dos R$ 3 bilhões garantidos para os fundos já seriam suficientes para a Embrapa conseguir dar respostas mais profundas e urgentes ao desenvolvimento regional”. O orçamento da empresa para pesquisa está com defasagem de R$ 300 milhões em comparação com os recursos disponíveis em 1996. Silvio revelou, ainda, suas dúvidas com relação ao interesse do governo em investir em agricultura após o anúncio do corte de 80% do orçamento do Ministério da Agricultura. “A agricultura e a pesquisa não podem ser esquecidos, por isso a gestão competente dos produtores, esforços dos políticos e investimento publico são necessários”, disse.



O coordenador da Bancada do Nordeste, deputado B. Sá (PFL-PI) questionou o papel da Embrapa no investimento ao reflorestamento. “Se o Brasil não quiser continuar desmatando, em breve terá que começar a importar madeira, mas nós, no Piauí, temos 3 milhões de hectares prontos para reflorestamento, porque não estão sendo utilizados?”. Segundo os técnicos da Embrapa estudos nesse sentido já estão sendo feitos.



Os deputados Betinho Rosado (PFL) e Sandra Rosado (PSB) do Rio Grande do Norte cobraram a instalação de um centro da Embrapa no Estado, que tem evoluído em culturas como a fruticultura irrigada e na exportação de frutas como melão e banana.



A empresa se dispôs a manter reuniões com a Bancada para discutir soluções para o setor e melhorias regionais



( por Alessandra Flach)

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