( Publicada originalmente às 17 h 48 do dia 25/08/2020) (Brasília-DF, 26/08/2.020) Após se reunir nesta terça-feira, 25, com o coordenador da Bancada do Nordeste, deputado Júlio César (PSD-PI), em seu gabinete no Ministério da Infraestrutura, o ministro Tarcísio Gomes de Freitas prometeu que os recursos necessários para federalizar o trecho entre a região do médio oeste do […]
(Brasília – DF, 03/06/2005) Em entrevista exclusiva, o deputado e coordenador adjunto da Bancada do Nordeste na Câmara, Zezeu Ribeiro( PT-BA), falou sobre o andamento do projeto que garante recursos do BNDES para a região, sobre o Projeto de Lei Complementar que institui a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), sobre a transposição de águas do rio São Francisco e comentou a última pesquisa CNT/Sensus, divulgada no último dia 31. Veja a seguir a íntegra da entrevista. Na próxima teça-feira, o senador Antonio Carlos Magalhães(PFL-BA) lerá na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal seu relatório sobre a recriação da Sudene. O senador Tasso Jereissati(PSDB-CE) é o presidente da Comissão. Confira a entrevista:
Renata Peña : Deputado, quais foram as principais modificações que os senhor propôs ao projeto que fixa 35%% dos recursos do BNDES para investimentos no Amazonas, Nordeste e Centro-Oeste, originalmente elaborado pelo senador Jefferson Peres (AM/PDT)?
Zezeu Ribeiro: Fui relator desse projeto na Câmara em 2003. Uma de minhas principais modificações foi fazer com que os recursos ficassem vinculados com as diferenças regionais, ou seja, de acordo com as defasagens locais, com as debilidades das regiões. Também propusemos que 50%% dos investimentos fossem destinados a micro, pequenas e médias empresas. No projeto original este valor estava em 30%%. Assim, acredito que fazemos uma política de descentralização e interiorização dos recursos, eles deixam de estar concentrados nas capitais e no litoral. Outro ponto importante a ser destacado é que incluímos o financiamento público para os municípios e consórcios públicos. O projeto original previa financiamento público apenas para os estados. Outra modificação foi alterar a temporalidade que estava fixada até 2005 para cinco anos após a aprovação.
Renata Pena: Como o senhor vê a disputa entre a Câmara e o Senado na aprovação do projeto que institui a Sudene?
Zezeu Ribeiro: Espero que não haja disputa. Eu só acho que não houve debate suficiente no Senado sobre o tema. O relator Antônio Carlos Magalhães (PFL/BA) não fez nenhuma discussão pública. Espero que ele utilize sua força política com compromisso com o Nordeste.
Renata Pena: Quais são suas principais expectativas com relação ao projeto?
Zezeu Ribeiro: Eu gostaria que o Fundo Regional fosse aprovado. Enquanto fui relator desse projeto esperei que a reforma tributária fosse aprovada, mas isso não ocorreu. Trabalhei com base em fundos regionais com letras minúsculas. Gostaria que isso saísse no Senado.
Renata Pena: Que modificação o senhor destaca no projeto da Sudene em que foi relator?
Zezeu Ribeiro: Principalmente tiramos o conceito de temporalidade que previa um prazo temporal e criamos um critério sócio-econômico: os investimentos seriam destinados à determinada região até que a renda per capita regional atinja 80%% da renda per capita nacional. Ou seja, até que o nordeste supere a defasagem. Acredito que com isso fazemos com que haja equilíbrio econômico, social e espacial do desenvolvimento no Nordeste.
Renata Pena: A pesquisa CNT/Sensus, divulgada no último dia 31, apontou que o Nordeste aprova o governo Lula acima da média nacional. Por quê? O senhor acredita que a distribuição do cartão cidadão influiu nesse resultado?
Zezeu Ribeito: Os projetos sociais logicamente contribuem. Mas a aprovação é um reconhecimento popular de que o governo está fazendo de tudo para superar as desigualdades regionais.
Renata Pena: A mesma pesquisa CNT/Sensus apontou que o Nordeste é a região brasileira que menos acompanhou o caso de corrupção nos Correios. Apenas 8,5%% dos entrevistados disseram acompanhar o assunto e 29,3%% disseram ter ouvido algo a respeito. A que se deve essa falta de informação?
Zezeu Ribeiro: Acredito que seja porque o Nordeste é um dos locais onde a informação demora a chegar e também onde há menos meios de comunicação.
Renata Pena: O senhor foi listado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) como “deputado em ascensão”. A que o senhor atribuí esse fato?
Zezeu Ribeiro: Não sou deputado de plenário, de grandes discursos. Acredito que fui indicado pelo reconhecimento de minha atuação na construção de políticas públicas, ligadas ao desenvolvimento urbano e regional e ao meio ambiente.
Renata Pena: Na última quarta-feira, durante uma reunião entre o ministro da Integração Nacional e os deputados da Bancada do Nordeste, Ciro Gomes criticou a falta de coesão dos parlamentares da região ao dizer que falta uma agenda do Nordeste e sobram agendas estaduais específicas. O senhor concorda com o ministro?
Zezeu Ribeiro: Sim, claro que concordo. Sinto que há baixa resposta por parte dos parlamentares a respeito desse tema, da coesão na luta pelo nordeste. Vejo que muitos parlamentares acabam transformando-se em “vereadores federais” ao dedicar tanta energia para questões específicas de seus estados e municípios esquecendo o Nordeste como um todo.
Renata Pena: Gostaria que o senhor falasse sobre sua opinião a respeito da transposição de águas do Rio São Francisco.
Zezeu Ribeiro: Bem, esse é um assunto para uma outra entrevista. É um assunto muito longo, mas brevemente posso dizer que há ainda muito tempo para se pensar nesse tema. Enquanto isso há outras prioridades.
Renata Pena: E quais seriam essas prioridades?
Zezeu Ribeiro: Primeiramente fazer a revitalização do rio, realizar a integração entre pequenas bacias e tratar as águas de subsolo. A transposição é necessária, mas é preciso investir primeiro no saneamento e na revitalização.
(por Renata Peña, coordenaçào de Genésio Araújo Junior)