Mário Santos diz que governo não quer manter térmicas; Segundo números da ONS o risco de novo apagão é mínimo – Santos provocou os deputados a discutir um novo modelo de seguro para o setor.



(Brasília-DF, 02/06/2004) Segundo o Operador Nacional do Sistema, ONS, Mário Santos, o Governo Federal não teria interesse de prorrogar os contratos que tem com as térmicas e que começam a terminar neste ano, finalizando, todos, em dezembro de 2.005. Segundo José Costa Carvalho Neto, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Energia Emergencial, ABPEE, 80% das térmicas estão sediadas no Nordeste que seria o principal interessado na manutenção das térmicas face a fragilidade que teria em caso de redução da produção de energia hidroelétrica. Mário Santos disse que já trabalha com previsões sem a manutenção das térmicas. Ele disse que o risco, dentro dos próximos dois anos e com a conclusão das obras que se “ estão sendo feitas” , o risco de apagão seria de 5%.

Os empresários fizeram uma exposição aos deputados sobre o sistema e apontaram que se não fossem as térmicas corria-se risco de apagão no final de 2.003. Costa Carvalho Neto disse que o setor não estava surpreso com a decisão do Governo e que o eles desejam é que o Governo defina como vai lidar com as reservas de consumo, que serão definidas pelo Conselho Nacional de Conservação. O Governo trabalha com o aumento da energia fornecida por térmicas nos próximos anos. Mário Santos sinalizou que o Governo poderá decidir por realizar leilões para aquisições de energia. Segundo fontes a tendência é que o Governo estique a corda ao máximo para reduzir o preço.

O coordenador geral da Bancada do Nordeste, que recebeu Mário Santos e os empresários do setor de térmicas para o café-nordestino desta quarta, disse que a bancada estaria propensa a defender que as térmicas permaneçam na região pois além de gerarem empregos nos estados do Nordeste ainda geram renda e dão uma garantia pois os nordestinos seriam os mais suscetíveis a um novo apagão. Roberto Pessoa defende que o setor apresente um valor adequado para ser observado pela sociedade, o Governo e os parlamentares – “ visto que o custo principal já foi pago ao longo desse dois anos”, disse Pessoa. As térmicas começaram a operar em 2.002, com data certa para finalizar operações, em 2.005.

RESERVA – Mário Santos informou que a reserva de consumo ainda não foi definida pelo Governo mas ele anunciou que “não via sinalização da parte do Governo” para que os contratos das “ térmicas emergenciais” sejam mantidos. Ele disse que não existe certeza no setor pluviométrico:

– Eu só tenho 70 anos de observação da variação pluviométrica( 40 anos de mercado). Os egípcios têm 4,5 mil anos de obsrevação e ainda não podem prever( chuvas). Eles ainda são pegos de surpresa com as secas e as grandes chuvas( nas margens do Nilo).

Santos disse que não vinha dar uma boa informação para os empresários do setor das térmicas que estavam presentes mas que tinha que dizer a verdade.

Ele informou que a integração do sistema, o SIN, que fez questão de demonstrar aos deputados e empresários beneficia o Nordeste e que em breve o Nordeste não precisará aumentar sua capacidade hidroelétrica( gerada por Sobradinho, especialmente) pois as obras que se opera no Norte suportaram bem as necessidades da região. Ele disse que em 1.999 o Nordeste importou 13 % da energia consumida e que no auge do apagão, 2.001, chegou-se a importar 24% de sua capacidade de demanda e que racionou 20% o que levaria a uma pane de “ quase” 50% de toda a demanda daquele ano.

Mário Santos que é originário da Chesf, disse – ao receber a imagem símbolo da Bancada do Nordeste, o “ Padre Cícero”, das mãos do deputado Colbert Martins(PPS-BA) – que deseja ser enterrado em Pernambuco, sua terra natal, confessou que não “ transitava como deveria” com a bancada do Nordeste. Ele afirmou durante sua exposição que os deputados devem buscar com a sociedade qual o modelo de seguro que deseja para enfrentar a imprevisibilidade pluviométrica.“ “Quanto maior o seguro desejado pela Sociedade maiso o custo que ela paga”, disse Santos. Ele deixou entender que algum tipo de seguro se devera pagar, mas foi categórico:

– Se vocês têm uma garantia de que o risco de apagão é mínimo, por dois anos, vão pagar mais caro para bancar um seguro?! – disse.

Santos defende a existência de térmicas flexíveis que funcionem a baixo custo. Seriam as “térmicas a água”, referiu-se as operadoras que atuam a baixos custos – essa tese é aceita pelo setor, confirmou Costa Carvalho Neto.

O deputado Roberto Pessoa(PL-CE) disse a Politicareal que a Bancada poderá buscar, ainda neste ano, uma modificação legal que garanta a manutenção da atividade das térmicas no Nordeste dentro de valores mais baixos a serem pagos pela população.

O preço do megawaats/hora do sistema das hidros é de R$ 120,00 enquanto nas térmicas é de R$ 240,00, funcionando ativamente. Costa Carvalho Neto disse que esses valores podem chegar próximo do sistema hidro, ou até iguais. Quando elas estão sem funcionar, como seria em caso de abundância de energia barata, hidro, o valor do megawatts/hora baixaria, consideravelmente, para algo como R$ 70,00. O presidente da ABIEE disse que a decisão do TCU em mandar que a ANEEL reduza as contas dos consumidores dos grandes estados do Sudeste não vai prejudicar as negociações com o Governo. Os consumidores dos grandes centros é que pagam a conta das térmicas no modelo atual. “ Essa decisão não tem nada a ver com o nosso sistema”, disse

( da redação com Genésio Araújo Junior)

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