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(Brasília-DF, 10/07/2013) O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, afirmou na manhã desta quarta-feira, 10, que os problemas que os produtores rurais enfrentam na região Nordeste estão relacionados à falta de uma “inteligência territorial”.
Segundo ele, esta falta de “inteligência territorial” é proporcionada pelo uso incorreto por parte dos agricultores da região que associam atividades agropastoris indevidas, em sua maioria, a grande parte dos vários relevos e solos que são encontrados no Nordeste.
“A gente tem que tirar o foco dos problemas do semiárido da ciência ou da alternativa tecnológica. A nossa lógica é que o grande gargalo não é tecnológico. Nós temos que lançar um olhar difereniado para a questão do semiárido. Nós temos que ter uma visão muito mais de inteligência e gestão territorial, mobilizar a informação que está totalmente disponível, tecnologias e soluções se não para tudo, para quase tudo. E o Brasil uma capacidade tal de inovação tecnológica que nós temos os melhores centros de inovação tecnológica em todo cinturão tropical do globo”, observou.
A declaração do principal dirigente da instituição, que é a maior responsável pela execução de melhores políticas públicas e de fomento do setor agropecuário do País, ocorreu durante o tradicional “café nordestino” que é promovido mensalmente pela Bancada do Nordeste nas dependências da Câmara dos Deputados.
USO DE TECNOLOGIA – Lopes afirmou, ainda, que o grande gargalo do semiárido não é a falta de uso de tecnologias e, sim, a falta de práticas agrícolas que melhor se associam aos solos e tipos de relevos que são encontrados ao longo de todo o bioma que cobre a integralidade da vegetação conhecida como caatinga.
A afirmação do presidente da Emprapa ocorreu após diversos parlamentares, entre eles o deputado Ariosto Holanda (PSB-CE), enfatizarem que uma maior utilização de ações de inovação tecnológica poderiam proporcionar um aumento de produtividade para as diversas atividades agrícolas praticadas em todo o semiárido.
“Eu acho que qualquer proposta de instalação de bases de conhecimento, de compartilhamento e de informações que empoderem o processo produtivo são sempre muito bem vindos. O Brasil é um País enorme, muito diverso, muito plural, por consequência, fazer agricultura no Brasil é muito desafiadora e, em especial, na região Nordeste em função dos desafios ambientais que nós temos e nós vemos com muito bons olhos essa proposta do deputado Ariosto Holanda de ampliar o número de bases para ajudar os nossos agricultores assessarem conhecimento, informações e tecnologias de forma mais rápida”, disse.
E falou mais.
“Para nós da Embrapa esta é uma ideia fantástica, porque cria novos braços e alternativas para que possamos levar conhecimentos que a gente gera aos produtores. A Embrapa tem um acervo enorme dos conhecimentos e informações para todos os tipos de agricultura que se faz no Nordeste, desde para a agricultura do semiárido (onde) nós temos um acervo de informações para o convívio como por exemplo para a produção de reservas de água, de um sem número de tecnologias de barragens, de acumulo de processos de água, dessanilização de água salobra e um número muito grande arranjos produtivos já modelados e prontos para serem implementados”, complementou.
SEGURANÇA BIOLÓGICA – O presidente da Embrapa disse, também, que o País como um todo precisa criar um ambiente que proporcione aos empresários do setor rural uma maior “segurança biológica”. De acordo com ele, diversas “pragas” infestam lavouras e provocam “enormes” prejuízos ao setor por falta de uma política nacional que promova um maior controle no trânsito comercial de alimentos.
O tema foi levantado pelo deputado Jesus Rodrigues (PT-PI), coordenador da bancada federal do Piauí, que o questionou sobre o que a empresa vinha fazendo para combater uma nova praga que vem provocando diversos prejuízos às culturas de algodão localizadas no sul do Estado. Esta praga de origem australiana entrou no Brasil devido ao frenético movimento comercial agrícola que o País exerce no mercado internacional.
“Com relação à preocupação com a praga, que invade as culturas de algodão, é uma praga exótica e que é capaz de se alimentar de um conjunto muito grande de espécies desde o algodão, soja, milho, feijão (e), por consequência, é uma praga muito agressiva porque ela tem alimento no campo o tempo todo e desenvolve resistência a inseticidas com grande rapidez. A Embrapa está ativamente trabalhando para entender o comportamento desta praga, fomos nós o primeiro a identificar e desenvolvemos também todo um plano de manejo integrado de controle que será implementado na próxima safra”.
CRIAÇÃO DE CAPRINOS – Maurício Lopes comentou, ainda, que a produção pecuária exercida no semiárido “pode ser mais bem aproveitada” por ser a caatinga uma das melhores áreas de pastagem para a criação de caprinos e ovinos, sobretudo, se nestas terras forem cultivadas plantas nativas (xerófilas) mais resistentes aos períodos de falta de chuva e que podem ser usados como alimentos para as criações.
“Por exemplo, a caatinga bem manejada pode se tornar uma pastagem poderosa e pode sustentar uma atividade pecuária de maneira inteligente e sustentável. Então nós temos, sim, além de trazer alternativas como o gergelin que demanda muito pouca água como o milheto, o sorgo, nós temos também que lançar um olhar criativo das muitas outras alternativas que o semiárido nos oferece com uma quantidade enorme de espécies como o umbu e outras tantas frutas nativas que podem com as práticas de agregação de valor se tornar alternativas importantes”.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL – O dirigente falou, também, que a Embrapa está amplamente estruturada no Nordeste, assim como em todas as demais regiões do País, e que a empresa cumpre o seu papel de promover o desenvolvimento regional. Segundo ele, é “fundamental” para a agricultura localizada na caatinga “entender e mapear os diversos relevos” ali encontrados, e que existem na região para que se possa promover “exatamente” os tipos corretos de práticas agrícolas para cada tipo de solo.
ÁFRICA – Posteriormente, após a reunião da Bancada do Nordeste, no qual foi convidado para expor aos parlamentares da região sobre as atividades realizadas pela Embrapa para promover o desenvolvimento da agropecuária nordestina – Maurício Lopes disse, ao ser questionado por jornalista, que a atuação da empresa no continente africano não estaria tirando, de forma alguma, o foco da execução de políticas públicas no Nordeste.
“Em absoluto. Não há qualquer incongruência ou qualquer competição entre a presença da Embrapa na África e a sua atuação no Brasil.
Nós estamos, obviamente, muitos atentos as necessidades das várias regiões brasileiras, das várias agriculturas no Brasil. Vemos a presença na África como uma oportunidade para o Brasil para o País ampliar o seu protagonismo no âmbito internacional no tratamento das questões relacionadas a segurança alimentar. O Brasil desenvolveu muito conhecimento em tecnologia para a agricultura tropical e não faz sentido segurar essas informações com tantos países que padecem de problemas tão sérios de segurança alimentar”.
(por Humberto Azevedo, especial para Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)