Empresários anunciam novos investimentos antes da definição do marco regulatório do setor

Novos investimentos na produção de biodiesel foram anunciados na última quinta, durante o evento que lançou o documento “O Biodiesel e a Inclusão Social”, na Comissão Geral instalada na Câmara Federal. Um deles é da Brasil Ecodiesel, tem como matéria-prima a mamona e pretende produzir 90 mil litros por dia em Floriano, Piauí, a primeira de oito unidades industriais. A usina estará implantada em 10 meses, anuncia Expedito Parente, diretor da TecBio, contratada para montar a unidade. A EcoDiesel tem 50 mil hectares em Canto do Buriti (PI), onde plantou este ano 3 mil hectares de mamona, e projeta para 2005 a adição de mais 12 mil hectares.

Durante a sessão, o representante da Proenco Brasil, Neddo Sandro Marcello Zecca, anunciou que a companhia há 2 anos desenvolve projetos de biodiesel e está pronta para começar a instalar unidades no País. “Já temos investidores externos e estamos aguardando as decisões de parte da Agência Nacional de Petróleo (ANP) para resolver as questões básicas e fundamentais relativas à especificação”, afirmou. A Proenco aguarda esta decisão para saber se vai produzir para exportação ao para o mercado interno, informa.

A Proenco Brasil pretende fazer biodiesel de girassol em consórcio com milho, soja e feijão, e já dispõe de duas área para as quais estão projetados duas usinas, uma para produzir 120 mil toneladas por ano e outra para 80 mil toneladas por ano, disse Neddo Zecca. O executivo, porém, mantém sigilo com relação à localização e valor do investimento. Para ele, a Europa é a meta de exportação, mas é preciso adequar o biodiesel às especificações técnicas exigidas para queima no aquecimento doméstico ou adição no diesel.

O diretor do Instituto Volta ao Campo de Desenvolvimento Rural (IVC) de Uberlândia, Mário Sérgio Trento, informou que será implantada no município mineiro uma usina de biodiesel com capacidade de produção de 3 milhões de litros por ano. A unidade reúne a prefeitura local e uma cooperativa de pequenos produtores de leite e duas associações de assentados da reforma agrária, com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A matéria-prima será fornecida por 400 agricultores familiares e assentados da reforma agrária, que estes serão cotistas da indústria, agregando valores ao seu produto.

“Somente com assistência técnica presencial e relação compatível entre número de assistentes técnicos e produtores consegue-se minimizar os problemas da produção de oleaginosa para biodiesel e manter aquela oferta regular, disse Trento. Para ele, este é o diferencial maior do grupo, que teá assistência técnica intermultidisciplinar pró-ativa e permanente pelo IVC. “Diferentemente do petróleo, a produção de oleaginosas depende de um conjunto de fatores que são praticamente impossíveis de controlar, muitas vezes impossíveis de prever, como condições climáticas e outros”, observou.

Segundo ele, caso seja implantada uma usina em cada um dos 5.500 municípios brasileiros (nos moldes da de Uberlândia, seriam gerados 82 mil empregos diretos nas usinas, 4,4 milhões de empregos indiretos no campo e nas pequenas propriedade. Levando em conta os empregos e oportunidades de trabalho gerados em conseqüência da movimentação econômica, Trento calcula um total de 13 milhões de empregos gerados.

O Presidente da Comissão do Biodiesel da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Juan Diego Ferres, defendeu que, dois anos depois de ser autorizada a adição de “apenas 2%” ao diesel, prevista para novembro de 2004 a adoção venha a ser obrigatória. A medida, para ele, assegura que agentes de produção possam fazer os investimentos produtivos que são requeridos. Para ele, a Abiove defende a coexistência dos agentes de maior porte com os micro e pequenos agentes, sejam eles agricultores familiares, sejam eles microprodutores de biodiesel.

( da redação com informações de assessoria)